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Vozes Insubmissas - John Pilger

01.06.17 | Luís Garcia
 

 

John Pilger 

Luís GarciaVozes Insubmissas

 

 

 

Como pode ver pelo tom e vocabulário com que destrói a imbecilidade da jornalista que o entrevistou, John Pilger é um verdadeiro gentleman insubmisso. Perspicaz, atento, e com bases muito sólidas assentes em muita investigação e muito trabalho de campo, John Pilger produziu uma enorme obra focada na denúncia de crimes de imperialismo sobre os povos da terra indefesos e sem voz, que é como quem diz, uma extensa obra quase totalmente focada no imperialismo anglo-saxónico. Apesar da dimensão das atrocidades denunciadas, John Pilger mantém uma característica muito peculiar que bem aprecio: não é politicamente correcto, não evita falar de verdades inconvenientes, mesmo que em directo para uma TV ou numa palestra, mas, que maravilha, consegue dizer tudo aquilo que há a dizer com uma enorme elegância, com uma enorme tranquilidade e com um discurso muito belo e elaborado que, para mim, são aulas de bem falar (inglês) de incalculável valor!

 

De nacionalidade australiana, John Pilger não hesitou nunca em denunciar os crimes de segregação, escravização, humilhação e de genocídio que ocorreram e ocorrem até hoje contra a população aborígene na Austrália. Quem assiste aos seus documentários desta temática, desde o primeiro (1976) até ao último (2013), depressa se apercebe que os mesmíssimos crimes continuam a ser cometidos por brancos australianos contra aborígenes, havendo apenas mudado a linguagem que os enquadram e os normalizam perante a sociedade apática e indeferente, quando não chauvinista! Se há 40 anos roubava-se crianças para as "cristianizar e alfabetizar", hoje rouba-se crianças para as "proteger dos seus pais pedófilos". Que infinita infâmia

 

Tendo também nacionalidade britânica, onde vive desde há décadas, John Pilger nunca se proibiu de criticar e denunciar os inúmeros crimes do seu país adoptivo. Bem pelo contrário, com frequência nos seus documentários, livros e artigos os crimes de estado do Reino Unido são o tema principal. Destaco um documentário, Stealing a Nation (Roubo de uma Nação), no qual mostra quão profunda é a impunidade com a qual a família real britânica e seus governos parlamentares-fantoches cometeram um dos mais hediondos crimes de estado do século XX, crime que quase ninguém neste planeta jamais ouviu falar. Não digo mais, assista ao documentário:

 

Pilger também nunca mostrou problema algum em criticar vacas sagradas como Nelson Mandela a quem acusou e bem de ter combatido (e bem) o apartheid patrocinado pelos EUA e Israel, para depois, agora no poder, ter-se vendido e entregue a África do Sul à devastadora e privada máquina neo-liberal norte-americana a troco da criação de uma pequena elite económica preta, deixando e condenando quase todos os outros pretos do país a mais do mesmo:

 

E, claro, também não se deixa intimidar pelo consenso ocidental pró-Israel que tão habilmente esquiva-se de reconhecer a natureza ilegal, criminosa e terrorista deste estado:

 

Um tema que me interessa particularmente são as criminososas trocas de governos soberanos insubmissos, levados a cabo pelo Império da guerra, a.k.a. EUA. Um outro tema que me interessa particularmente é a revolução bolivariana de Hugo Chávez. Num interessantíssimo 2 em 1, o documentário War on Democracy, John Pilger mostra ao mundo como falhou um golpe de estado na Venezuela graças ao imbatível apoio popular ao democraticamente eleito Hugo Chávez:

 

Um tema que creio ser de grande interesse nos países lusófonos é o Death of a Nation: The Timor Conspiracy, no qual John Pilger denuncia os verdadeiros responsáveis por detrás das atrocidades cometidas em Timor pela Indonésia, país que nunca poderia ter invadido um outro ser ter pelo menos o consentimento dos terceiros do costume.


Enfim, na sua hiper-extensa carreia de jornalista de investigação e de campo, John Pilger seguiu uma miríade de temas: propaganda, manipulação mediática e publicidade; escravatura industrial (da Nike na Indonésia, por exemplo) fruto das ditaduras patrocinadas pelos EUA com vista à instalação de sistemas económicos convenientes aos seus  "interesses nacionais" privados; catástrofes e guerras em países habitados por esquecidas populações "sub-humanas" - aos olhos ocidentais - como o Bangladeche ou o Cambodja; Julian Assange e Wikileaks; problemas sociais do Reino Unido; e por aí fora! Faça como eu, assista a todos os seus documentários. Garanto-lhe que não dará por perdido o seu tempo!  E como já os vi todos, posso dizer-lhe que o meu preferido, se quiser saber, é o The War You Don't See (A Guerra que você não vê) que pode assistir abaixo, com legendas em português. Abaixo deste estão mais alguns dos meus preferidos, igualmente legendados em português! Bom proveito!

 

 A Guerra que você não vê

(link alternativo https://www.youtube.com/watch?v=pskjzl2czKg)

 

Roubo de uma Nação

 

Guerra contra a Democracia

  

A guerra por outros meios

 

A Palestina continua sendo a questão 

 

Os novos governantes do mundo

  

Se estiver interessado em descobrir mais sobre a extensa obra de John Pilger, visite as suas contas nas seguintes plataformas:

 

www.facebook.com/pilgerwebsite     twitter.jpg     vimeo.jpg     youtube.jpg     goodreads.jpg

 

A maior parte dos seus documentários encontram-se disponíveis de forma gratuita no seu site oficial (JohnPilger.com) e nas suas contas vímeo e youtube, onde pode encontrar também interessantes discursos e entrevistas.

 

No seu site oficial, além de uma grande parte dos seus documentários, pode encontrar também todos os seus artigos, disponíveis para leitura gratuita,  assim como informação sobre os livros que publicou:

 

Por fim, uma memorável frase de John Pilger:

"Edward Bernays, o proclamado pai das relações públicas, escreveu sobre o governo invisível que é aquele que de facto governa um país. Referia-se ao jornalismo, aos media. Isto foi há quase 80 anos atrás, pouco depois do jornalismo corporativo ter sido inventado. É uma história que poucos jornalistas conhecem ou falam sobre, e teve o seu início com o advento da publicidade corporativa. 

À medida que as novas corporações foram tomando o lugar da imprensa, algo chamado de "jornalismo profissional" foi inventado. De forma a atrair grandes anunciantes, a nova imprensa tinha de transparecer ser respeitávelpilar do establishment, objectiva, imparcial,equilibrada. As primeiras escolas de jornalismo foram criadas, uma mitologia da neutralidade liberal foi criada ao redor dos jornalistas profissionais. O direito à liberdade de expressão passou a ser associada aos novos media. 

... Tudo isto não passava de um embuste. Aquilo de que o público não foi informado, foi que, de forma a poderem ser profissionais, os jornalistas tinham de assegurar que as suas notícias e opiniões fossem dominadas por fontes oficiais. E isto continua verdade até hoje. Vasculhe o New York Times num qualquer dia escolhido ao acaso, e verifique as fontes dos seus principais artigos de política interna e externa. Descobrirá então que todos esses artigos são dominados pelos interesses de governos e outros poderes. É esta a essência do jornalismo profissional."

 

Luís Garcia, 01.06.2017, Ribamar, Portugal

 

 
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