Uma resposta pessoal às difamações infundadas dos branqueadores de terrorismo do Channel 4, do Snopes e de La Presse (2/3), por Eva Bartlett
Grupos afiliados a terroristas não são fontes credíveis, incluindo a Reuters
Mais lá para a frente no artigo, a Channel 4 refere-se a "um fotógrafo da Reuters no terreno, que presenciou um incidente, e que se mostrou satisfeito pelo facto dos eventos que gravou serem genuínos". Dado que o fotófrafo em questão, Abdalrhman Ismail: se infiltrou em zonas da al-Qaeda, enche o seu Facebook com carradas de posts pró-"rebeldes" e propaganda anti-Assad; e que tem selfies com pelo menos um membro do grupo terrorista Nour al-Din al-Zenki que decapitou um rapaz palestiniano em 2016; ... a sua credibilidade e a sua imparcialidade estão mortas, literalmente.
Abdalrhman Ismail participou também na propaganda sobre o hospital de al-Quds, em Aleppo, supostamente destruído po ataques aéreos, o que não foi o caso.
O Channel 4 citou-me dizendo que os White Helmets podem ser vistos transportando armas e pousando com os pés por cima de cadáveres de soldados sírios, mas não analizaram estes temas, nem tampouco o curioso caso da obscena quantidade de dinheiro que estes "voluntários" têm recebido. Que estranhas omissões. E o Channel 4 tampouco abordou o meu ponto sobre os refugiados internos que fugiram, não de Assad como dizem os media corporativos, mas sim dos próprios terroristas, nem sobre a forma como o governo lhes providenciou casa, comida, educação e cuidados médicos. Não são importantes estas questões?
Claramente, o Channel 4 apenas informa sobre aquilo que corrobora a narrativa dos "rebeldes" e da " revolução", incubrindo o terrorismo não só de extremistas como também o de governos que os financiam e os apoiam, e incubrindo que os governos em questão impõem sanções à Síria.
Só por caso, o Channel 4 (tal como escrevi) produziu uma reportagem com o grupo Nour al-Din al-Zinki, o qual é considerado "moderado" por este canal, embora no anterior mês de Junho tenham decapitado Abdullah Issa de forma selvática. Ao início não foi problema para o Channel 4 mas, entretanto, acabaram por retirar o vídeo incriminatório. E este é o mesmo Channel 4 cujo repórter, quando regressou a Aleppo depois da libertação desta cidade, se negou a "entrar na história" das suas mentiras e da propaganda bélica. Por outras palavras: Krishnan Guru Murthy do Channel 4 mentiu durante todo o ano de 2016 e, quando se viu confrontado com a realidade, nem sequer teve a dignidade e a integridade de admitir que esta errado.
Snopes: factualmente desafiado
Em Dezembro de 2016, Snopes, o auto-proclamado "verificador de factos", produziu um artigo de difamação cheio de falácias sobre mim. De forma interessante, se não o tivessem feito, eu poderia não ter dado pelo seu artigo de branqueamento dos socorristas da al-Qaeda.
Bethania Palma, do Snopes, iniciou o seu artigo com estas linhas:
"A ideia de que as vítimas das massivas tragédias são "recicladas" é um tema comum por entre os teóricos das conspirações, mas existem reportagens internacionais e material em vídeo sobre o ataque ao Hospital de al-Quds."
Para além da pouca original utilização da expressão "teóricos das conspirações", duas questões diferentes são confundidas: a de que se estará utilizando pessoas em encenações em filmadas, e a de que terá ocorrido o "ataque" ao Hospital Al Quds. A conclusão que vem depois do "mas", não têm absolutamente nada a ver com a primeira parte da frase. Mais, é um típico exemplo da falácia do espantalho, utilizada no intuito de enganar.
O Snopes continuou ainda com coisas do género "Afirmações estranhas" e que eu acredito que "os media de comunicação internacionais estão conspirando para fabricar histórias de atentados a hospitais", e que eu me refiro a "todas as facções que lutam contra as forças do presidente Bashar al Assad como sendo terroristas".
Mas, pelos vistos, as minhas estranhas afirmações eram verdadeiras. O Hospital de al-Quds não foi "destruído", o tema dos "últimos médicos" foi um estratagema propagandista, acima como o foi "o último pediatra de Aleppo" e muitas outras artimanhas. De facto, sim, os meios de comunicação conspiram para fabricar estórias coma a do Omran Daqneesh ou da Bana al-Abed.
Os meios de comunicação internacionais conspiraram para afirmar que Assad estava matando à fome os civis de Aleppo, conspiração que foi abandonada quando os media começaram a falar com civis (e não com porta-vozes terroristas) depois da libertação de Aleppo.
Os meios de conspiração internacionais também conspiraram, e do mesmo modo, em relação a Madaya. Fui a Madaya este Junho e aprendi sobre as mais sórdidas realidades (fome, tortura, encarceramento) que os civis sofreram em Alepo, devido à al-Qaeda e outros grupos extremistas afiliados. Os meios de comunicação internacionais continuam conspirando com as suas mesmas gastas afirmações.
O Snopes declarou, a respeito da eleição presidencial na Síria em 2014: "a votação nessa eleição só se realizou em territórios controlados pelo governo".
Falso. Também se votou no vizinho Líbano, onde presenciei o primeiro de dois dias de massiva participação síria na votação. Alguns sírios em países como o Canadá, que fecharam as embaixadas sírias. voaram até ao aeroporto de Damasco apenas para exercerem o seu direito de voto.
O Snopes também esqueceu de mencionar que, nos seus esforços para trazer a "democracia" à Síria, os "moderados" bombardearam mesas de voto em toda a Síria, no dia 3 de Junho, disparando 151 projécteis só em Damasco, matando pelo menos 5 pessoas e mutilando 33 outras nessa cidade, tal como eu havia escrito em 2014.
Quanto a se as forças que combatem contra o exército sírio e civis serão terroristas, eu já ouvi repetidamente dos próprios civis na Síria, como este civil de Alepo a Junho de 2017. Seja o ELS, a al-Qaeda, al-Zenki ou outro qualquer grupo extremista, todos cometem actos de terrorismo contra civis sírios.
E mais, o Snopes estranhamente assinalou o seguinte, como se eu depois a viesse refutar: "Bartlett declarou isto no seu próprio site:
'Eu apoio a Síria contra uma guerra "civil" financiada, armada e planeada por potências ocidentais e os seus aliados regionais, no intuito de limpar toda a resistência contra o imperialismo no Médio-Oriente...'."
De facto, eu tinha esta frase no meu blog, e ainda é possível vê-lo por entre as minhas fotos de capa no Facebook. Obrigado Snopes por compartilhar tudo isto! Até o ex-primeiro ministro do Qatar o admitiu, quando admitiu que o Catar, a Arábia Saudita e a Turquia haviam coordenado com os EUA o enviou de armas a militantes desde o início do conflito em 2011. Que maldito conspiracionista é o ex-primeiro ministro do Qatar! Quase tão conspiracionista como o ex-ministro francês dos negócios estrangeiros, Roland Dumas, quem assinalou (vídeo aqui):
"Estive na Inglaterra 2 anos antes da violência na Síria tratando de outros assuntos. Reuni-me com altos funcionários britânicos, que me confessaram que estavam preparando algo na Síria.
"Isto passou-se na Grã-Bretanha, não nos EUA. A Grã-Bretanha estava organizando uma invasão da Síria com rebeldes. E perguntaram-me, inclusive, sabendo que já não era ministro dos negócios estrangeiros, se queria participar.
Como é óbvio, recusei, disse que era francês e que não aquilo não me interessava... Esta operação remonta muito no tempo. Foi preparada, pré-concebida e planeada.
Voltando ao assunto, nas suas "verificação de factos" o Snopes repetiu os mesmos pontos que já havia tratado, incluindo o do Hospital de al-Quds, sobre o qual se esqueceram de mencionar que a MSF havia afirmado que tinha sido "destruído". Assim sendo, a explicação de que, de algum modo, o hospital se terá levantado dos escombros e voltado a funcionar em Setembro, é simplesmente absurda. É que havia sido "destruída", lembram-se? Reduzida a escombros segundo a MSF!
Quão neutral é o Snopes?
Snopes evitou por completo investigar a minha afirmação de que os White Helmets "podem ser encontrados transportando armas e pousando com os pés encima de cadáveres de soldados sírios", apesar de me ter citado por eu ter dito isto.
Logo no início do artigo, Palma, que trabalha para o Snopes, mencionou que eu tinha sido acusada de ser uma "jornalista independente canadiana", para logo de seguida dizer que "ela é também colaboradora da RT, um site de notícias financiado pelo governo russo.".
Como assinalado na primeira parte (e também no meu blog), eu contribuo para uma série de sites. A RT é só um deles, e faço-o precisamente porque estes sites independentes, e também a RT, me permitem escrever exactamente aquilo que penso, sem nenhum tipo de censura.
De qualquer modo, será o Snopes assim tão independente, neutral e apolítico como afirma ser e como de facto um imparcial grupo de verificação de factos deve ser?
Um artigo de Junho de 2016 (ainda que publicado pelo Daily Caller) analisou a conduta de alguns dos "verificadores de factos" do Snopes, e concluiu que a "verificadores de factos" do Snopes mais não é que uma jogada de defesa de destacadas figuras Democratas como a Hillary Clinton.
Outro artigo analizou o "foco sobre (Hillary) Clinton dado pelo Snopes", assim como as ocasiões nas quais o Snopes claramente mentiu.
A revista forbes publicou um artigo interessante sobre o tema, no qual examinou o sensacionalista desmascaramento que o Daily Mail fez acerca de um dos fundadores do Snopes que "desviou 98000 dólares de dinheiro da companhia e os gastou 'consigo próprio e em prostitutas'. Embora inicialmente céptico (o jornalista da Forbes) em relação ao artigo do Daily Mail, depois de trocar correspondência com o fundador do Snopes, David Mikkelson, passou a ser céptico acerca da transparência do site e da competência dos seus verificadores de factos.
O mito de um Snopes confiável, neutro e verificador de factos está tão morto como o mito dos White Helmets serem neutros, voluntários e socorristas na Síria.
CONTINUA
Eva Bartlett, 20.01.2018
Leia a 1ª parte aqui: Uma resposta pessoal às difamações infundadas dos branqueadores de terrorismo do Channel 4, do Snopes e de La Presse (1/3)
traduzido para o português por Luís Garcia
versão original em inglês: A PERSONAL REPLY TO THE FACT-CHALLENGED SMEARS OF TERRORIST-WHITEWASHING CHANNEL 4, SNOPES AND LA PRESSE