Propaganda da Ilegalidade, por Luís Garcia
Acampar na rua devido ao desemprego e à pobreza extrema é normal, comummente aceite, tão banal que ninguém para sequer para olhar ou questionar a situação.
Acampar na rua por manifestação de direitos e liberdades fundamentais é prevaricação, acto ilegal, atentado à ordem pública e desafio às autoridades, dizem-nos os governantes e forças da ordem através da televisão que amplifica tais barbaridades ao ponto de, não só conseguir convencer muitas ovelhas mansas da veracidade de tais disparates, como também pô-las a criticar os anárquicos arruaceiros que cometem as ditas ilegalidades.
Idem aspas para as manifestações pacíficas, com gente de cartazes e gargantas roucas de gritar pelo que tem direito. Muitas vezes, participantes destas inconvenientes manifestações são corridos a cassetete pelas forças da ordem, exemplares a aplicar a desordem onde não a havia nem tão pouco haveria violência se não lá estivessem as tais autoridades.
Não poucas vezes existe desordem, caos e violência nas aberturas especiais de shoppings ou lojas de marcas internacionais por altura de promoções, épocas de saldos ou lançamentos de novos e supérfluos brinquedos para adulto comprar. Recentemente nos EUA, até tiroteio houve. E foram precisos tiros para que viessem as autoridades, senão jamais lá poriam os pés. Então uma multidão de ovelhas tresmalhadas em fúria não teria também, aplicando a lógica anterior, de ser corrida a pontapé e a murro de autoridades antes de provocar desordem? Não, não, deixai as ovelhas em paz que elas lá estão para dar lucro ao mestre, e não reclamam. Apenas repetem: méééééééé....
Luís Garcia, 23.01.2012, Lituânia