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Propaganda anti-Síria à portuguesa, por Luís Garcia

14.11.12 | Luís Garcia
 

 

Luís Garcia POLITICA SOCIEDADE   

"Dezenas de mortos em atentados na Síria", Público, 05.11.2012

 

A não-notícia até começa como uma notícia, informando que "a última bomba a explodir nesta segunda-feira na Síria matou onze pessoas e deixou dezenas de feridos, incluindo crianças, em Damasco." Depois, ao contrário do que seria de esperar numa verdadeira notícia, não se rotula o evento de ATAQUE TERRORISTA como de facto foi, e não se procura informar muito sobre os autores do acto criminoso, antes adiantando detalhes sobre as vítimas, residentes no Bairro Mezzeh, uma zona de Damasco "habitada principalmente por membros da minoria alauita, no poder, e fortemente vigiada." Que é como quem diz: ah, eram da maioria no poder, então que se fodam!

 

Informar sobre os perpetradores do ataque  até acabam por informar, apelidando eufemisticamente um dos TERRORISTAS de "uma unidade de combatentes islamistas" e dando-lhe a palavra para o deixar vomitar que o ATAQUE TERRORISTA foi "uma operação em resposta às acções selvagens do regime”. Pois claro, estes senhores, estrangeiros árabes patrocinados pelo ocidente rebentam bombas por entre a multidão inocente, e acções selvagens são as do governo que muito bem lhes têm limpado o sebo e corrido com esses mercenários para fora do país. E o Público, o vergonhoso Público, vendido como as meninas do Intendente, vai apregoando a barbárie com floreados de democraticises e libertações.

 

A não-notícia continua, informando que "A Frente Nusra (...) já reivindicou vários atentados suicidas em Damasco e no resto da Síria", mas em vez de explicarem, informarem, elucidarem os leitores, decidem antes voluntariamente fugir à verdade e comodamente se colarem ao disse que disse da Reuters com o disse que disse do Observatório Sírio dos Direitos Humanos,  crítico deste tipo de ataques. Treta  em cima de treta: primeiro é preciso esclarecer que o observatório de tão pomposo nome foi inventado e criado em Londres pelo ministério dos negócios estrangeiros britânicos com o objectivo claro e preciso de denegrir a imagem do governo sírio vítima desta já tão longa e vergonhosa agressão ocidental. Depois, criticam porque convém passar a ideia que os rebeldes libertadores  não têm nada a ver com estes actos bárbaros. Ah mas têm!

 

Informação seria esclarecer que esta bandidagem são versões pobres-esfomeadas de mercenários do Norte de África e Médio Oriente, ideologicamente preparados pela Arábia Saudita e Qatar, miseravelmente pagos (+/- 400 dólares/mês) por estes e pelos seus parceiros ocidentais, nomeadamente EUA, França e Reino Unido, tudo oficial e afirmado por chefes de estado.  E armados por estes mesmíssimos estados exportadores de horror e barbárie. Informação seria fazer saber e provar (facilmente) que estes ataques são feitos pelos mesmos rebeldes sírios libertadores, rebeldes antes mercenários que constatadamente perderam a guerra contra o muito organizado exército sírio e que perderam a guerra porque a torneira ocidental de armamento terrorista quase fechou desde que a Rússia fez saber indirectamente pelo seu veto na ONU que uma invasão ocidental declarada na Síria corresponderia a uma guerra regional em grande escala e respectiva guerra mundial. A realidade é que a invasão disfarçada de revolução rebelde perdeu e agora descamba para ignominiosos atentados terroristas, bombas explodidas no meio da multidão civil, essa maioria invisível vítima exausta da barbárie da tal rebeldia libertadora...

 

Ah, mas não fosse o distraído leitor não apreender bem a mensagem subliminar de querer fazer passar a ideia que a rebeldia libertadora nada tem (mas tem!)  a ver com os atentados terroristas, estes vergonhosos jornalistas do Público deram-se ao luxo, contrariando factos e provas, de afirmar que "os seus membros operam isoladamente no país e muitas facções rebeldes criticam-nos por matarem indiscriminadamente"! Mas quais outras facções? Podem dar nomes de facções e de supostos líderes das ditas cujas que tenham criticado os atentados terroristas? Pode o Público adiantar nomes de facções ainda existentes, e dentro da Síria, que não façam outra coisa que não seja rebentar bombas em locais públicos!?! Ah, antes as rebentassem na sede do Público!  A guerra foi ganha pelo exército sírio e agora rebeldes libertadores SÓ rebentam bombas entre civis inocentes!

 

Propaganda atrás de propaganda sem perder o folgo o anónimo não-jornalista adiantou ainda num mesmo parágrafo que "aviões e os tanques de Assad passaram o dia a disparar contra posições dos rebeldes no sul de Damasco e num campo de refugiados palestinianos" e que "Responsáveis palestinianos ouvidos pela AFP dizem que mais de 30 pessoas foram mortas". Propositadamente claro, o dito não-jornalista esqueceu-se de informar que no "campo de refugiados palestinianos" o exército sírio disparava e atacava rebeldes que tinham entrado nesse dia no campo, esquecendo-se também de informar que o exército sírio entrou no campo de refugiados depois de se saber que a invasão rebelde teve como resultado "30 pessoas foram mortas". Aqui não mentiu o pseudo-jornalista, mas dizendo apenas meias-verdades voluntariamente deturpou a mensagem final! Felizmente ainda existem canais como a PressTV que no dia estavam a transmitir em directo do campo, mostrando os refugiados palestinianos reconfortados pela presença do exército sírio. Infelizmente esta mesma PressTV foi desligada do satélite (Eutelsat) que a retransmitia para toda a Europa e também desligada nas TVs por cabo de quase toda a Europa...

 

LINK PARA A NÃO-NOTÍCIA:

 

Luís Garcia, 14.11.2012, Røra, Noruega

 

 
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