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O Mais Perfeito Exemplo de Propaganda Anti-Irão, por Luís Garcia

13.04.12 | Luís Garcia
 

 

Luís Garcia POLITICA SOCIEDADE   

 

A notícia o quê? O disse que disse? A AFP disse que a Associated Press disse que a Reuters disse que talvez alguma coisa? Espalhar boatos não é jornalismo. Isto é tão simplesmente uma não-notícia criada pela máquina de propaganda dos EUA e espalhada pelas máquinas de propaganda dos seus estados vassalos, com Portugal como perfeito exemplo. Se o Público não fosse o panfleto propagandista que é, a notícia, factual e honesta, seria de que "Rumores não comprovados sobre encerramento da internet no Irão já foram oficialmente desmentidos". Isto seria uma notícia. Agora dizer no texto que o governo iraniano já desmentiu mas dar o título de "O Irão quer criar uma Internet "limpa" e um motor de busca "mais adequado"... estão simplesmente a fugir à questão, hipocritamente.

 

"impedir de uma vez por todas o acesso dos seus cidadãos à Internet que todos conhecemos e substituí-la por uma "rede limpa" - qualquer coisa como uma Internet semelhante à que usamos todos os dias, mas sem os sites e serviços que nos fazem usá-la todos os dias, como o Google, o Gmail ou o Hotmail, por exemplo."

 

A mais pura mentira, o governo Iraniano já afirmou estar a criar uma intranet para serviços específicos, e não uma nova internet paralela ou concorrente à existente para ser imposta aos cidadãos como "a nova internet"! E depois, onde está o espanto do Irão criar uma intranet? Intranets são coisa comum neste mundo e não são em si uma razão para se criar uma notícia. Inúmeros países, empresas e organizações possuem as suas intranets e nunca ninguém se lembrou de as endemonizar, nem mesmo a intranet do Pentágono por onde passam as informações e ordens para declarar guerras, devastar países, autorizar torturas, bombardeamentos e chacinas... querem demonizar uma que o façam com esta, não com a iraniana que ainda não está em funcionamento e da qual os jornalistas do Público não sabem rigorosamente nada. Ainda assim, o total desconhecimento sobre a matéria, não impede o não-jornalista Alexandre Martins de vomitar suposições ideologicamente contaminadas pelo ódio contra o Irão. Diz este trapalhão: "A dúvida – que ninguém conseguiu ainda desfazer – é saber se o Irão tem planos para desligar no país a Internet a que todos temos acesso ou se quer desenvolver uma Internet paralela, com conteúdos mais adequados aos valores das suas autoridades." Dúvida? Desde quando? Quem levantou tal questão? Por que não duvidar se o governo português estará a preparar-se ou não para o mesmo? Por que não duvidar se os peixes começarão em breve a falar chinês? Por que não duvidar se o sol amanhã não nascerá? Suposições tão válidas como a deste não-jornalista! Suposições, não factos, boatos, não jornalismo.

 

"estão em fase de conclusão um motor de busca e um serviço de correio electrónico apenas para os utilizadores de Internet residentes no Irão. Segundo a mesma notícia, as autoridades anunciaram que vão lançar um motor de busca interno ainda este ano, que será "mais adequado às necessidades dos iranianos"."

 

Por favor! Mas o que é isto!?! A questão do motor de busca iraniano não tem nada a ver com a nova intranet iraniana. Não tem nada a ver com esta notícia, e não é preciso uma grande capacidade de discernimento para compreender as reais e ignóbeis razões deste panfleto propagandista para a incluir aqui. Da forma como é inserida fora de contexto tenta passar a ideia de mais opressão e mais controlo sobre o comportamento dos iranianos na internet.  Mas não, foquemo-nos na realidade prática: será mais um motor de busca entre milhares na internet, e sim, adequado ao público Iraniano. Nada de espantoso, em todos os países existem motores de busca nacionais, Portugal tem o Sapo, por exemplo. Um motor de busca especializado na cultura islâmica ou na realidade iraniana tem mercado no Irão sem dúvida. Aliás, hoje em dia assistimos ao crescimento de motores de busca especializados em nichos de mercado, espalhados pelas mais diversas áreas de interesse: desporto, religião, tecnologia, compras online, etc.

 

Em Portugal temos Sapo como motor de busca, mas também temos ViaCTT como um serviço de email exclusivamente para cidadãos portugueses. No entanto, os portugueses não são obrigados a utilizar exclusivamente este motor de busca e este serviço de email. De facto, quase ninguém os utiliza. E eu pergunto, por que razão seria diferente no Irão?  Estes serviços não existem ainda no Irão e já são alvos das mais disparatadas teorias da conspiração e campanhas de propaganda infundadas. Por certo que muitos iranianos irão adoptar estes serviços mas, obviamente, a maioria continuará a utilizar os serviços a que se habituaram.

 

"o Wall Street Journal noticiou a criação de um Conselho Supremo para o Ciberespaço por ordem do líder supremo da república islâmica, o ayatollah Ali Khamenei"!?!?

 

E depois, os EUA têm o novo CiberComand do Pentágono que já avisou ao mundo inteiro que é a 6ª Força Armada dos EUA, e que reserva para si mesmo o direito de fazer guerra electrónica preventiva e mesmo guerras electrónicas ofensivas (embora para mim as 2 sejam o mesmo). Longe destas ameaças e desta arrogância, o Irão apenas cria, como outro países já o fizeram, um orgão de supervisão da internet. A França e o Reino Unido têm, mas não é notícia. A China ou a Índia também, mas não é notícia. O Irão pensa em criar? Ah, mistura-se essa possível criação com uma intranet ainda por criar, mais motores de busca que ainda não existem, mete-se uma foto de distúrbios no início da "notícia" e uma vídeo de violência no fim da mesma "notícia", e está criado o Pack Propagandista Anti-Irão! Que nojo de falso jornalismo, que vis pseudo-jornalistas que vendem a alma ao diabo, pagos mal mas contentes na sua tarefa de diabolizar sistematicamente o próximo alvo abater pelo BigBrother Ocidental... o Irão.

 

"Para tentar contrariar esta situação, os EUA pretendem desenvolver uma espécie de "rede-sombra", que poderá ser usada pelos cidadãos de países onde haja censura na Internet, noticiou o New York Times em Junho do ano passado."

 

E como se não fosse já lixo propagandista a mais, vêm ainda com esta dos EUA, sim, pois claro, os EUA pretenderem desenvolver uma internet sombra para oferecer aos "desgraçados" que vivam em países como o Irão acesso à internet! Tanta alucinação neste Público. Então o governo iraniano fecharia o acesso à internet "normal", e não conseguiria impedir uma nova "internet sombra" de chegar  até aos iranianos? E logo vinda dos EUA, o pais que mais se tem empenhado nos últimos tempos em restringir a internet, de proibir, de domar os seus utilizadores? Como assim? Este Alexandre Martins é pago para mentir e diabolizar o Irão, mas não tem - a ver por esta simplória pseudo-notícia, capacidade intelectual suficiente para o fazer de forma convincente.

 

Luís Garcia, 13.04.2012, Ribamar, Portugal

 

 
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