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Pensamentos Nómadas

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Já chegou o Ano do Porco! Literalmente!, por André Vltchek

18.02.19 | Luís Garcia

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Andre Vltchek  Sociedade   

 

Gong Xi Fa Cai: feliz ano novo do Porco 2019! Felicitações, cheou o Ano do Porco!

 

"De acordo com a Astrologia Chinesa, 2019 é um excelente ano para fazer dinheiro e um bom ano para investir! 2019 vai ser cheio de alegria, um ano de amizade e amor para todos os signos do zodíaco; um ano auspicioso , visto que O Porco atrai sucesso a todas as esferas da vida.”

 

Assim sendo, o que é que a astrologia está de facto nos dizendo? Que em breve teremos uma espécie de "irmandade da  humanidade"? Que este ano poderá trazer paz e compreensão entre todos os signos do zodíaco?

 

Todos nós desejamos que tal seja possível. Mas todos nós temos dúvidas de que realmente seja isso o que nos espera!

*

E portanto, como é que anda este mundo, numa altura em que o país mais populoso da terra (A China), e também o Vietname e vários outros países, comemoram o Ano Novo Chinês?

 

Para ser honesto, o mundo não anda nada bem. Está na sarjeta. Parece estar em coma.

 

Washington, mas também Paris, Berlim e outras capitais do grupo de mafiosos ocidentais que tem intimidado o mundo por décadas e séculos, declararam o seu total apoio a um traidor venezuelano, Juan Guaidó, um americano educado e escolhido a dedo para ser o boneco de mudança de regime. Agora, é quase certo que nada fará parar o Ocidente; este irá tentar destruir a Revolução Bolivariana e ocupar um país potencialmente tão rico que, sozinho, poderia satisfazer toda a procura global de petróleo durante pelo menos 30 anos.

 

Não é um bom começo, pois não?

 

Mas há muito mais acontecendo simultaneamente. Coisas desagradáveis, repugnantes, que fazem o Ocidente entrar em confronto com o resto da humanidade, pondo em perigo todo o nosso planeta, atiçando guerras e conflictos em todos os cantos do mundo.

 

Enquanto começa o Ano do Porco, os EUA oestão basicamernte mandando para o balde do lixo o tratado nuclear com a Rússia. 

 

O presidente Trump vai mostrand a sua força, caprichosa e erraticamente antagonizando a China, desafiando o poderoso Dragão para um duelo que poderia, potencialmente, destruir a economia global inteira.

 

Enquanto isso, há pessoas desaparecendo, sendo presas, sendo amordaçadas: jornalistas, bem-sucedidos executivos de empresas não-ocidentais, activistas. As contas de redes sociais de indivíduos que criticam o terror Ocidental estão sendo eliminadas. Aqueles que ousam criticar o regime global Ocidental deixaram de ser empregáveis e, muitas deles, já "desapareceram" da cena pública. Os meios de comunicação não-ocidentais estão a ser intimidados, sancionados e constantemente atacados, tanto na Europa como na América do Norte. Há orçamentos "oficiais" destinados a isso mesmo. A filosofia, as artes e a literatura foram reduzidas a entretenimento, ou a "disciplinas académicas", enquanto o próprio mundo académico já colapsou também, tornando-se num sinónimo de tipo mais baixo de colaboração.

 

Voltámos à Idade das Trevas. O terror reina uma vez mais. Milhões vão morrendo anualmente, sobretudo nas neo-colónias. O ambiente foi destruído. E os cidadãos dos países ocidentais estão demasiado ocupados exigindo mais benefícios para els próprios, totalmente indiferentes dos crimes que os seus países andam a cometer por esse mundo fora. 

 

Há apenas dois meses, a partir da Síria, eu escrevi que o povo sírio ganhou, após um tremendo sacrifício. No entanto, agora, as coisas voltam a "complicar-se". A retirada das tropas norte-americanas do território sírio não algo que possamos estar certos que aconteça neste Ano do Porco de 2019. 

 

O mesmo se aplica ao Afeganistão, onde quase duas décadas de ocupação da NATO trouxeram enorme sofrimento e nenhum benefício para o seu povo. Esta nação, outrora orgulhosa e amante da liberdade, está agora reduzida a escombros, com o menor nível de vida e a menor média esperança de vida da Ásia. 

 

E o outrora poderoso Iraque?  Um esqueleto. E, enquanto começava o Ano do Porco, Trump declarava que as forças militares dos EUA permanecerão [no Iraque], para poderem "observar'" o Irão! Como assim, não era esse o acordo, protestou o presidente iraquiano: "Você eram supostos estar aqui apenas para combater o terrorismo!" Mas enfim, ninguém ouve, ninguém se importa. O Irão está na lista negra do regime mafioso ocidental. Usar "casas vizinhas" para expandir a destruição (no caso do Iraque, já completamente realizada essa destruição) é algo que os países da NATO, nas últimas décadas, nunca tiveram problemas em fazer.

 

Oiça o que os meios de comunicação ocidentais dizem e acreditará que a Rússia está agora "por detrás de todos os males políticos" da Europa e da América do Norte. A propaganda anti-russa no Ocidente e nas suas colónias (a mais recente foi um cómica gafe do fantoche ocidental Jokowi, o "presidente" da Indonésia), atingiu um crescendo e, se não fosse tão perigosoa, faria com que todos os seres humanos racionais se partissem no chão a rir.

 

E o mais deprimente é que o público ocidental é se mostra completamente complacente. Com algumas notáveis excepções (Itália e Grécia), não há nenhuma tentativa de mudar o regime e salvar o mundo da tragédia. Os chamados "coletes amarelos" na França estão obcecados com salários mais elevados e mais benefícios para os cidadãos franceses, com um interesse quase nulo no que o seu país (a França neo-imperialista) anda a fazer à África, à América Latina, ao Médio-Oriente, à Rússia e a outras partes do mundo.

 

Na verdade, por entre as "pessoas comuns", é quase impossível de detectar um vislumbre de pensamento crítico. Estas vivem, trabalham, consomem, desfrutam dos mais altos padrões de vida na terra e, enquanto tiram proveito desta situação, nenhum crime cometido pelos seus governos, corporações ou indivíduos lhes perturba a consciência.

 

Já ficou perfeitamente claro que o mundo não poderá contar com o público ocidental para pôr fim ao terror global que está a ser espalhado a partir de Londres, Washington, Paris e suas dependências como Riade, Telavive ou Jacarta. O Ocidente terá de ser confrontado e detido a partir "de fora".

 

Será que haverão muitos confrontos e batalhas neste Ano do Porco de 2019?

*

O mais importante a fazer para este ano é convencer o público global de que o Ocidente e suas colónias perderam por completo o direito de sequer proferir termos como "democracia", "liberdade" ou "direitos humanos".

 

Durante décadas e séculos, estes conceitos foram brutalmente violados por todas as potências colonialistas ocidentais e, em resultado disso, centenas de milhões de pessoas oprimidas têm vindo a morrer ou a viver em terríveis favelas, sob o jugo de fascistas ditaduras.

 

Hoje em dia, o Ocidente é a maior força ideologicamente fundamentalista e não democrática do mundo. A grande maioria das pessoas que nele vivem aceita todos os seus ideológicos dogmas de "excepcionalismo", enquanto as nações conquistadas são também obrigadas a acreditar nesse excepcionalismo Ocidental.

 

Sistematicamente,  o Ocidente tenta derrubar todos os governos democráticos, livres e independentes da terra. E depois substitui-os por regimes servis e corruptos, que roubam o seu próprio povo e entregam aquilo que pilharam aos mestres em Nova Iorque, Londres e noutras capitais ocidentais "brancas". O Ocidente faz funcionar o sistema mais brutal, mais racista e mais moralmente morto da história da humanidade. Um sistema fascista impulsionado pelos negócios, pelo consumo descontrolado, pelo vazio moral, pela escravidão, e por um descarado controlo e por um cinzenta uniformidade .

 

Este Ano do Porco 2019 começa mal.

 

Mas as previsões astrológicas chinesas são sempre positivas. Comunhemos do seu optimismo e não desistamos!

 

Este deveria ser designado o ano para confrontar, com determinação e coragem, todos os porcos maus e imundos do business, do colonialismo e do imperialismo.

 

Pelo menos em teoria, os porcos bons deveriam combater os porcos maus e vencer a batalha. 

 

Assim sendo, Feliz Ano Novo de 2019! Feliz Ano do Porco!

 

André Vltchek

 

Traduzido para o português por Luís Garcia

Versão original em inglês aqui.

 

André Vltchek é um filósofo, romancista, cineasta e jornalista de investigação. Cobriu e cobre guerras e conflitos em dezenas de países. Três dos seus últimos livros são Revolutionary Optimism, Western Nihilism, o revolucionário romance Aurora e um trabalho best-seller de análise política: “Exposing Lies Of The Empire”. Em português, Vltchek vem de publicar o livro Por Lula. Veja os seus outros livros aqui. Assista ao Rwanda Gambit, o seu documentário inovador sobre o Ruanda e a República Democrática do Congo, assim como ao seu filme/diálogo com Noam Chomsky On Western Terrorism. Pode contactar André Vltchek através do seu site ou da sua conta no Twitter.

 

Fotos de André Vltchek.

 

 

 

 

 

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