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Pensamentos Nómadas

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IDLIB – Uma reportagem desde a última frente de batalha na Síria, por André Vltchek

06.03.19 | Luís Garcia

 

Andre Vltchek Política Sociedade

 

Durante algum tempo, todas as armas ficaram em silêncio.

 

Encontro-me perto de Idlib, a última fortaleza terrorista na Síria. A área onde os mais mortíferos combatentes anti-governo, a maioria deles infiltrados na Síria a partir da Turquia com "ajuda" saudita, catari e ocidental, estão literalmente escondidos, prontos para o confronto final.

 

Ainda ontem, morteiros caíam em aldeias perto da invisível linha de frente que separa as tropas do governo das forças terroristas da Frente al-Nusra. Anteontem, duas explosões abalaram a terra, a poucos metros de onde nos encontramos agora.

 

Chamam a isto um cessar-fogo. Mas não é. É unilateral. Para ser mais preciso, o exército sírio aguarda pacientemente. Os seus canhões apontam para as posições do inimigo, mas as ordens de Damasco são claras: não disparem.

 

O inimigo não tem escrúpulos. Provoca sem cessar. Dispara e bombardeia indiscriminadamente. Mata. Ao longo da linha da frente, milhares de casas já se encontram completamente destruídas. Nada é poupado: bairros residenciais, ginásios desportivos ou até mesmo padarias. Há uma rotina estabelecida: assaltos por parte dos terroristas, operações de resgate organizadas pelas Forças Armadas Sírias (Exército Árabe Sírio) e pelas Forças de Defesa Nacional sírias e, em seguida, imediata reconstrução do que tiver sido danificado.

 

Centenas de milhares de sírios perderam a vida nesta guerra. Milhões tiveram de deixar a sua terra natal. Milhões passaram a ser deslocados internos. Para muitos, o conflito tornou-se numa rotina. As operações de resgate tornaram-se rotina. A reconstrução tornou-se também numa rotina .

 

É hoje claro que a vitória final está para breve. A Síria sobreviveu ao pior. Ainda está a sangrar, mas a maior parte do seu território começa a sarar. As pessoas vão pouco a pouco voltando a casa, vindas do Líbano e da Turquia, da Alemanha e de outros lugares. E passam por escombros: as suas antigas casas. Sentam-se e choram. Depois levantam-se e põem-se a reconstruir. Isto é o que se passa noutras partes do país: Duma, Homs, Aleppo, Deir-ez-Zor.

 

Mas nas aldeias e vilas do norte de Hama e junto a Idlib, a guerra ainda está longe de ter acabado.

 

Na vila de Squalbiah, o Comandante Nabel Al-Abdallah das Forças de Defesa Nacional (FDN) explicou-me que:

O Exército Árabe Sírio (EAS) poderia facilmente usar da força e ganhar militarmente; poderia retomar Idlib. Mas o EAS opera sob ordens do comando do presidente Assad, que acredita em negociações. Se tomarmos a cidade agora, haverá grandes baixas.”

*

A situação não é tão simples como gostaríamos que fosse. A vitória pode estar perto, mas o Ocidente não parece desistir, nem tampouco a Turquia. Ainda há zonas controladas pelas tropas dos EUA e da França e, em torno de Idlib (incluindo Manbij), uma grande área ainda é controlada pelos terroristas que foram trazidos de todos os cantos da Síria, sob o acordo patrocinado pela Rússia.

 

E há mais: as minhas fontes na Síria informaram-me das mais recentes actualizações:

Há cerca de 4 meses, o «novo ISIS» apareceu no sul de Idlib, não muito longe de onde estamos agora. Foram implantados na Síria pelos turcos. Usam uniformes novos, com longos vestidos brancos. Antes, eles eram reconhecíveis pelas suas roupas pretas ou cinzentas, ao «estilo afegão». Agora dão pelo nome de "Hurras al-Deen", ou "Os Guardiões da Religião". Porquê? Porque os Estados Unidos, e o Ocidente em geral, continuam a apoiá-los. O ISIS faz oficialmente parte da lista de organizações terroristas, mas esta nova "marca" não.

 

Perguntei ao Comandante Nabel Al-Abdallah a sua opinião sobre o que quererá de facto o Ocidente? Este respondeu-me de imediato:

O Ocidente quer que o terrorismo se espalhe para a Rússia e para a China. Muitos terroristas trabalham e lutam directamente pelos interesses dos Estados Unidos.

Temos de cuidar dos civis inocentes. Mas também temos de encontrar uma solução, o mais rápido possível. Se falharmos, o terrorismo espalhar-se-á pelo mundo inteiro.”

 

Sentamo-nos na sede provisória do Comandante, tomando uma chávena de chá, antes de irmos para a linha da frente.

 

Ele quer dizer algo. E pensa sobre como o dizer. Mas não é fácil. Nada é fácil, dadas as circunstâncias, mas tenta, e o que ele diz faz todo o sentido:

Se não encontramos uma solução, em breve, os terroristas irão danificar o mundo inteiro. Os nossos problemas não são apenas o ISIS mas, acima de tudo, a ideologia que representam. Eles usam o Islão, dizem que lutam em nome do Islão, mas são apoiados pelos Estados Unidos. E aqui, o EAS, os nossos militares e as nossas forças de defesa, estamos a lutar pelo mundo inteiro, não apenas pela Síria.”

 

Abraçamo-nos e vou-me embora. Os seus homens levam-me num veículo militar para os arredores de as-Suqaylabiyah (também conhecida por Squalbiah). A partir daí, fotografo um hospital e as posições da Frente al-Nusra. Eles estão ali mesmo à minha frente, a apenas algumas centenas de metros.

 

É-me dito que sou um alvo fácil, assim exposto. Trabalho rápido. Felizmente, hoje os terroristas não estão para andar aos tiros.

 

Antes de voltar para o veículo, tento imaginar como deverá ser a vida lá, sob a ocupação da Frente al-Nusra ou do ISIS.

 

Da colina onde me encontro, toda a área parece verde, fértil e imensamente bonita. Mas eu sei, eu entendo com clareza que esta área é como um inferno na terra para aqueles que vivem naquelas casas lá mais abaixo; nessas aldeias e vilas controladas por alguns dos mais bárbaros terroristas à face da terra.

 

Sei também que estes monstros terroristas estão aqui sob ordens estrangeiras, tentando destruir a Síria, simplesmente porque o seu governo e o seu povo se têm recusado a dobrar-se aos ditames imperialistas ocidentais.

 

Aqui, não se trata apenas de teoria. Aqui já foram arruinadas as vidas de milhões de pessoas. Aqui tudo é concreto e pragmático, é a própria realidade.

 

Consegue-se ouvir explosões ao longe. A guerra pode ter acabado em Damasco, mas não aqui. Aqui ainda não.

*

O meu amigo Yamen é natural da cidade de Salamiyah, a cerca de 50 quilómetros de Hama. Só recentemente é que a área ao redor da sua cidade natal foi libertada dos grupos extremistas.

 

Vinte quilómetros a oeste de Salamiyah encontra-se a aldeia predominantemente Ismaili de al-Kafat, que costumava estar cercada pela frente al-Nusra e pelo ISIS.

 

O Sr. Abdullah, Presidente do Conselho Ismaili Local, recorda os horrores que os seus concidadãos tiveram de suportar:

No passado, tivemos duas explosões de carros-bomba aqui. Em Janeiro de 2014, 19 pessoas foram mortas, 40 casas totalmente destruídas e 300 danificadas. Os confrontos ocorriam a apenas 200 metros daqui. Tanto a frente al-Nusra como o ISIS cercaram a aldeia, e cooperaram entre si. Estamos muito perto de uma das estradas principais, razão pela qual, para os terroristas, esta ter sido uma posição estratégica extremamente importante. Toda esta área só foi finalmente libertada em Janeiro de 2018.”

 

De quem é a culpa?

 

O Sr. Abdullah não hesita:

Dos sauditas, dos turcos, dos EUA, da Europa, do Catar…”

 

Caminhamos pela aldeia. Algumas casas ainda estão em ruínas mas a maioria delas foram restauradas, pelo menos parcialmente. Nas paredes e por cima de várias lojas, posso ver o retrato de uma bela jovem que foi morta durante um dos ataques terroristas. No total, 65 aldeões foram massacrados. Antes da guerra, a população da aldeia era de 3.500 habitantes mas, traumatizados e empobrecidos pela guerra, muitos decidiram partir, e agora apenas 2.500 habitantes vivem aqui, cultivando oliveiras e pastando ovelhas e vacas.

 

Antes da minha visita, disseram-me que a educação desempenhou um papel extremamente importante na defesa deste lugar e na manutenção da moral elevada durante os dias mais sombrios de combate e crises. O Sr. Abdullah prontamente confirmou que sim:

O cérebro humano tem a capacidade de resolver problemas e de atenuar crises. Numa guerra como esta, a educação é extremamente importante. Ou, mais precisamente, trata-se sobretudo de aprendizagem e não apenas de educação. Al-Nusra e ISIS são sinónimos de ignorância. Se o seu cérebro for forte, facilmente derrotará a ignorância. Acho que fomos bem-sucedidos aqui. E agora veja, esta pobre aldeia tem neste momento 103 estudantes frequentando universidades por toda a Síria.”

 

Enquanto conduzimos para leste, enormes retratos de um irmão do meu amigo Yamen decoram muitos postos militares. Ele era um dos lendários comandantes locais, mas foi morto em 2017.

 

Depois vejo um castelo, gigantesco, com mais de dois mil anos de idade, com vista para a cidade de Salamiyah. Há campos verdes por todo o lado. Tanta beleza por todos os cantos da Síria.

 

"Volte e visite todas estas maravilhas quando a guerra acabar," diz alguém ao meu redor, na brincadeira.

 

Não o vejo como uma brincadeira.

 

"Voltarei", vou pensando eu. "Por certo que voltarei". Mas temos de vencer, e vencer muito em breve, o mais breve possível! Para garantirmos que nada mais será destruído.

*

Deixo a minha mala numa estalagem local em Salamiyah e peço aos meus camaradas para me levarem mais a leste. Quero ver e sentir como a vida era sob ocupação do ISIS e como é agora.

 

Só há ruínas à nossa volta. Vi muitas e horríveis ruínas urbanas durante a minha visita anterior: ao redor de Homs e nos subúrbios de Damasco.

 

Aqui vejo ruínas rurais, à sua maneira tão horripilantes como aquelas que marcam todas as principais cidades da Síria.

 

Ainda recentemente, toda esta área era uma linha de frente. Ou ia gritando de dor nas mãos dos grupos terroristas, principalmente do ISIS.

 

Agora é um campo minado. A estrada está limpa, mas os campos não, nem tampouco as restantes aldeias.

 

Fotografo um tanque que pertencia ao ISIS, queimado e severamente danificado. É um antigo tanque Soviético, que pertencia antes ao exército sírio. Foi capturado pelo ISIS e depois destruído pelo EAS ou por um avião russo. Ao lado do tanque, uma quinta de criação de galinhas completamente destruída.

 

O Tenente que vêm me acompanhando continua, de forma monótona, o seu sombrio relato:

Hoje, nos arredores de Salamiyah, 8 pessoas morreram devido às minas.”

 

Saímos do veículo e caminhamos lentamente pela estrada cheia de crateras.

 

De repente, o Tenente para sem avisar:

E aqui morreu o meu primo com outra mina."

 

*

Chegamos à aldeia de Jardaneh, mas quase não sobrou ninguém aqui. Há ruínas por todo o lado. Antes, 500 pessoas viviam aqui, agora apenas 30. Aqui ocorreram fortes combates contra o ISIS. 13 locais foram mortos e 21 soldados "tornados mártires". Os restantes civis foram forçados a sair.

 

O Sr. Mohammad Ahmad Jobur,  administrador local (el muchtar), de 80 anos de idade:

Primeiro, combatemos o ISIS, mas eles era mais do que nós. A maioria de nós teve de partir. Agora, alguns retornaram, mas apenas uns poucos... Sim, agora temos electricidade; pelo menos 3 horas por dia, e os nossos filhos podem ir à escola. A antiga escola foi destruída pelo ISIS e, por isso, agora as crianças são levadas e trazidas para serem educadas numa vila maior. Todos os aldeões querem voltar, mas a maioria das famílias não tem dinheiro para reconstruir as suas casas e quintas. O governo fez uma lista das pessoas cujas habitações foram destruídas. Obterão ajuda, mas a ajuda será distribuída gradualmente, passo a passo.”

 

Como é óbvio, a quase totalidade do país encontra-se em ruínas.

 

Estarão os aldeões optimistas em relação ao futuro?

 

"Sim, muito optimistas", declara o chefe da aldeia. "Se obtivermos ajuda, se conseguirmos reconstruir, voltaremos todos.”

 

Depois, mostram-me os poços de água, destruídos pelo ISIS.

 

É tudo sorrisos por entre lágrimas. Até agora apenas 30 voltaram. Quantos voltarão para casa este ano?

 

Perguntei ao chefe qual era o objectivo principal do ISIS?

Nenhum objectivo, nenhuma lógica. O ISIS foi criado pelo Ocidente. Tentaram destruir tudo, esta aldeia, esta área, todo este país. Eles não dizem coisa com coisa... não pensam como nós... apenas trouxeram destruição.”

*

Soha, uma aldeia ainda mais a leste, é um lugar onde homens, mulheres e crianças foram forçados a viver sob o controlo do ISIS.

 

Sou convidado a entrar numa casa tradicional. As pessoas sentam-se em círculo. Várias mulheres mais jovens escondem os seus rostos, não querendo ser fotografadas. Meto-me a imaginar o porquê. Outros não se importam. O que aconteceu aqui, que horrores aqui tiveram lugar? Ninguém me contará a história toda.

 

Esta é uma aldeia tradicional habitada por uma tribo local, é muito conservadora.

 

Os testemunhos começam a fluir:

Primeiro, proibiram-nos de fumar e de fazer a barba. As mulheres tinham de cobrir os rostos e os pés, tinham de vestir-se de preto, eram impostas regras estritas, a educação era proibida. O ISIS criou horríveis prisões... batiam-nos muitas vezes com mangueiras de borracha, em público. Algumas pessoas foram decapitadas. Cabeças cortadas foram expostas na praça principal.”

 

Quando o ISIS chegou, trouxeram com eles os seus escravos, pessoas sequestradas em Raqqa. Algumas mulheres foram apedrejadas em público, vivas. Outras mulheres foram atiradas para a morte a partir de telhados e de outros lugares altos. Amputavam mãos... várias mulheres foram forçadas a casar com combatentes do ISIS…”

 

Seguiu-se um desconfortante silêncio, antes de mudarmos de assunto.

Eles mataram 2 homens desta aldeia…”

 

Alguns dizem que foram mais, muitos mais.

 

Vários jovens juntaram-se ao ISIS. Uns 3 ou 4... o ISIS pagava 200 dólares a cada novo combatente que se inscrevesse. E, claro, prometiam o céu…

 

 

Numa das aldeias, é-me mostrada uma grande e enferrujada jaula para "infiéis" e "pecadores". As pessoas eram lá trancadas como animais selvagens e aí mantidas expostas, ao ar livre.

 

Vejo o destruído edifício da "polícia" do ISIS. A certa altura, são-me oferecidos alguns papéis, documentos que se encontram espalhados por todo o lado. Não quero levar nenhum comigo, nem sequer como recordação.

 

Os testemunhos continuam a fluir:

Decapitavam pessoas por estarem na posse de telemóveis... habitantes locais desapareciam... eram raptados…”

 

A dada altura, tenho de parar com este fluxo de testemunhos. Mal posso processar tudo o que está a ser dito. As pessoas estão gritando umas por cima das outras. Um dia, alguém deveria tirar tudo isto a limpo, gravar, arquivar. Eu faço o que posso, mas dou-me conta de que não é o suficiente. Nunca será suficiente. A dimensão da tragédia é demasiado grande.

 

Por esta altura já começa a escurecer... e depois fica noite. Tenho de regressar a Salamiyah, descansar um pouco, dormir algumas horas e, depois, regressar à linha da frente onde tanto soldados sírios como russos enfrentam corajosamente o inimigo. Onde estão fazendo tudo o que é humanamente possível para impedir que os gangsters patrocinados pelo Ocidente e seus aliados retornem às áreas já libertadas do país.
 

Mas antes de adormecer, meto-me a relembrar tudo; sinto-me assombrado pela imagem de uma menina que sobreviveu à ocupação da sua aldeia pelo ISIS. Ela descansava, recostada contra uma parede. Olhou para mim por um tempo, depois levantou as mãos e passou os dedos rapidamente pela garganta.

*

No dia seguinte, o Comandante das Forças de Defesa Nacional de Muhradah, Simon al-Wakeel, leva-me por toda a cidade e arredores, com uma Kalashnikov pousada ao lado do seu assento. É um rápido e, na realidade, "tour" de verdade:

Aqui foi onde os morteiros caíram há dois dias atrás; há uma central eléctrica que foi libertada das mãos dos terroristas; e este é um enorme ginásio atacado pelos terroristas simplesmente porque têm raiva das nossas raparigas jogarem tão bem voleibol ou basquetebol.”

 

Conversamos com os locais. O comandante Simon é parado no meio das ruas, abraçado por estranhos, beijado em ambas as faces.

 

"Já fui alvo mais de 60 vezes", conta-me ele. Um dos seus antigos carros encontra-se a apodrecer num remoto estacionamento, depois de ter sido atingido e queimado pelos terroristas.

 

Ele encolhe os ombros:

Os russos e os turcos negociaram o cessar-fogo, mas, obviamente, os terroristas não respeitam quaisquer acordos.”

 

Regressamos à linha da frente. Mostram-me os canhões sírios apontando para as posições da Frente al-Nusra. A sede local dos terroristas é claramente visível, não muito longe das magníficas ruínas da Cidadela de Shaizar.

 

Para começar, vejo soldados sírios operando equipamento soviético ligeiramente obsoleto, bem como novos equipamentos russos: veículos armados, tanques, "Katyushas". Depois, vislumbro vários rapazes russos instalando-se em duas casas com vista para o vale e para o território inimigo.

 

Tanto o exército sírio como o exército russo, ombro a ombro, estão agora enfrentando o último enclave controlado por terroristas.

 

Aceno aos russos e eles acenam-me de volta.

 

Todos parecem estar de bom humor. Estamos a ganhar. Estamos "quase lá".

 

Todos sabemos também que ainda é demasiado cedo para celebrar. Terroristas do mundo inteiro encontram-se agrupados no interior e ao redor da cidade de Idlib. As "forças especiais" americanas, britânicas e francesas operam em várias partes do país. O exército turco continua controlando um grande pedaço do território sírio.

 

O céu está limpo. Os campos verdes são férteis e bonitos. A cidadela próxima é imponente. Apenas um pouco mais de determinação e resistência e este maravilhoso país será totalmente libertado.

 

Todos nós nos apercebemos disso, mas ainda não há ninguém a celebrar. Não há ninguém sorrindo. As expressões faciais dos camaradas sírios e russos são sérias. Os homens observam o vale, as armas estão prontas. Estão absolutamente concentrados. Tudo pode acontecer; a qualquer hora.

 

Eu sei por que razão não há sorrisos. Todos nós sabemos: em breve, poderemos vir a derrotar o inimigo. Em breve, a guerra poderá talvez acabar. Mas já morreram centenas de milhares de sírios.

 

André Vltchek

 

Traduzido para o português por Luís Garcia

Versão original em inglês no  NEO - New Eastern Outlook.

 

André Vltchek é um filósofo, romancista, cineasta e jornalista de investigação. Cobriu e cobre guerras e conflitos em dezenas de países. Três dos seus últimos livros são Revolutionary Optimism, Western Nihilism, o revolucionário romance Aurora e um trabalho best-seller de análise política: “Exposing Lies Of The Empire”. Em português, Vltchek vem de publicar o livro Por Lula. Veja os seus outros livros aqui. Assista ao Rwanda Gambit, o seu documentário inovador sobre o Ruanda e a República Democrática do Congo, assim como ao seu filme/diálogo com Noam Chomsky On Western Terrorism. Pode contactar André Vltchek através do seu site ou da sua conta no Twitter.

Fotos por André Vltchek.

 

 

 

 

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