Há que protestar pela proibição de protestos!
O regime antidemocrático francês, a cada dia que passa, enterra-se mais e mais nas suas profundas contradições. O último tiro no pé flagrante foi decidir interditar a realização de protestos (de todos os géneros, pacíficos incluídos) em território francês por um período de 3 meses. Uma pessoa com um mínimo de sensatez acaba por fazer a sim própria a questão inevitável: Por que razão o regime de Hollande oprime de tal forma os direitos e a voz do povo tido como soberano?
Mas antes, terá o regime opressivo francês moral suficiente para o fazer? Eu diria que, de forma a ser minimamente aceite, uma medida impopular, ilegal e contraproducente deveria ser tomada por governos ou chefes de estado que se apoiassem sobre uma maioria confortável de apoio popular. Como por exemplo na Síria, onde o presidente (democraticamente eleito em 2014) realiza facilmente decisões complexas, seguro do apoio de mais de 2/3 da população (de acordo com sondagens internas e ocidentais). No caso do regime francês temos o aposto., uma vez que o seu líder é extremamente impopular. De acordo com as sondagens, em Dezembro de 2014 o chefe do regime francês dispunha de um apoio popular de apenas 17%, com tendência descendente.
Voltando à questão, parece-me absurdo a decisão do regime francês, não tem nada a ganhar com a medida e tem tudo a perder. É suicídio político do carniceiro que governa a França. Ah sim, França! Interditar protestos pacíficos sem razão nenhuma lógica é contraproducente mas, interditar protestos no país dos protestos (mesmo por tudo e por nada), é como proibir de rezar virado para Meca no regime da Arábia Saudita! Idiotices de estado mazé!!!
Insisto, interditar protestos por quê? São actos criminosos ou perigosos? Não, são actos de realização de direitos cívicos como a liberdade de expressão e a liberdade de reunião. Ou até de expressão da liberdade artística de quem pinta cartazes ou cria slogans sonantes! Interditar para quê? Para os defender de novos possíveis ataques? Não, para isso já têm os seus serviços secretos e a sua administração interna. É verdade que a primeira se mostra inútil (não digo mais para não ser preso) e a segunda convenientemente caótica, fazendo simulações de ataques terroristas em dia de ataques terroristas reais de forma a não poder acolher às necessidades reais das vítimas reais dos ataques reais! Para quê interditar agora e não antes dos ataques se se sabia que iam haver ataques? Para quê interditar protestos em vez de não deitar para o lixo sem ler o relatório oferecido pelo governo de Assad com a lista de terroristas activos em França? Não quiseram ler porque o relatório vinha "de mãos manchadas de sangue" (que grande treta), e ao fazê-lo proibiram-se a si próprios de descobrir que nele estavam contidos os nomes dos terroristas que atacaram em Paris a 13 de Novembro, acabando assim os puritanos do regime francês por sujar deveras as mãos com sangue. Bom, talvez não tenham lido por já conhecerem o conteúdo! Gostava de acreditar que não é o caso, pois assim sendo estarão é completamente imergidos numa banheira de sangue!
Mais, se de facto insistirem com a teoria da treta da necessidade de assegurar a segurança dos seu cidadãos pela negação ostensiva do direito de protestar na ressaca de um atentado terrorista, mmmm, então por que raio o sanguinário presidente francês se lembrou de teatralizar um manifestação (de braços dados com uma dúzia de ditadores ignóbeis) na ressaca dos atentados terroristas de Charlie, a qual resultou num mega protesto da nação francesa na sua capital banhada em choradeira e perdida numa paranóia colectiva de troca de identidades em que todos acreditavam ser Charlie? Alguém explica a dualidade? Mais, a ser verdade que proibir as pessoas de se manifestar pacificamente (França) ou proibir tudo (o fait divers actual belga para encher noticiários com não-notícias) é acto eficaz de luta contra o terrorismo, bom, chega-se a 2 aterradoras conclusões: primeiro, o terrorismo "islâmico" ganha por capota. Segundo, no limite, para a segurança se perpetuar, as "medidas eficazes" ter-se-ão de perpetuar também, de modo que deixa de haver razão para a existência desses 2 estados! Fechem a porta e mudem-se, sei lá, para ali ao lado na Holanda ou Alemanha onde, apesar das fronteiras comuns abertas, não se realizam medidas nenhumas do género! E ficaria sempre bem uma reserva ecológica de quase 600.000 quilómetros quadrados no coração da Europa Ocidental!
Le gouvernement invente des terroristes pour justifier des mesures sécuritaires
(François Hollande, 2008)
Para finalizar, lembro os leitores que cada vez que se proíbem ou reprimem (e está a haver repressão violenta neste momento às manifestações em França) manifestações em países (democráticos ou não) cujos governos não beijam o cu à Ditadura Económica Mundial, é o fim do mundo nos nossos media de desinformação programada. Quando o regime francês, protectorado manso dos EUA, o faz, os mesmos media desinformam-nos que são "medidas de segurança necessárias". Pois, pois, e quem não se lembra do início da farsa na Síria em 2010, que começou precisamente com repressão sobre manifestações populares... 2 pesos, 2 medidas, o logo por excelência da nossa amada civilização ocidental!
Força franceses lúcidos, protestai, protestai, protestai! A melhor forma de provar que não se pode proibir um povo de protestar, é por esse povo todo na rua a protestar. Os gorilas dos CRS ao final do dia também são franceses, e mesmo que a lobotimização seja tal que assim já não pensem, não há polícias do regime francês suficientes para deter os franceses todos. É matemática do 1º ano. E quando o povo todo sai à rua, como o venezuelano saiu aos milhões em 2002 para salvar da morte o seu presidente eleito Hugo Chávez, os vampiros políticos obedientes à máquina capitalista, têm que baixar a cabeça, ajoelhar e passar-se para melhor. No caso do chefe do regime francês, o melhor seria demitir-se e pedir asilo político aos EUA que o formaram enquanto, vampiro e moço de recados!
Viva a França!
p.s.: Crítica sintética aos jornalistas parciais e prostituídos do nosso Portugal: pensem 2 vezes antes de usar a palavra "regime"!
Luís Garcia, Lampang, Tailândia, 23.11.2015