Gente deprimida
Estou farto de ouvir e ler tretas sobre "gente deprimida". Sabem quem é que tem o direito de se sentir deprimido, porque tem razão para tal? Quem é pobre, quem é escravizado no trabalho, quem perdeu entes queridos, quem tem entes queridos com doenças graves, quem está preso (independemente de ter cometido algum crime ou não), quem está ou esteve na guerra, quem vive na rua, quem passa fome, quem passa sede, quem tem uma doença grave.
E o que é mais curioso é que muita gente que se encontra em situações assim não deprime. Ou, se deprime, a depressão acaba por lhes passar. Sabem porquê? Porque têm problemas reais, e não problemas inventados, e têm de os tratar para continuar a viver ou para ajudar outras pessoas a continuar a viver. Não têm tempo para alapar a puta da peida no sofá e ficar a congeminar merdas com as quais encher a cabeça e depois, ainda por cima, tentar contaminar outras pessoas com isso. Não têm tempo para se preocupar com merdas. Não têm tempo para serem uns materialistas consumistas de merda. Não têm tempo para andar a consumir arte melancólico-depressiva e achar que o mundo todo é uma merda e sempre será, e que nem vale a pena fazer nada em relação a isso, muito melhor é ficar do púlpito a mandar bitaites com base na sensitivo-psiquiatrice. Não têm tempo para andar a inventar merda.
Quem tem tempo para andar a inventar merda, e depois de ter enchido a cabeça com isso acha que já não consegue libertar-se, tem bom remédio, que é a melhor solução para si próprio e para os outros. Enfia a porra de um balázio nos cornos, e já nem tem de se andar a arrastar nesta existência que para si próprio é infernal nem obrigar outras pessoas (porque infelizmente, há sempre outros com os quais tem contacto) a aturar tretas e a terem contacto com coisas que também têm o potencial de as contaminar.
Ricardo Lopes