Ébola? Médicos e não bombas!
Faz hoje 1 ano que a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o estado de emergência internacional da Doença por vírus Ébola, surto que havia começado uns meses antes - Dezembro de 2013 - na África Ocidental. Acredito que toda a gente tenha ouvido falar da epidemia na TV, na rádio ou em conversas de café. O que duvido é que se tenham inteirado da generosa ajuda médica oferecida por Cuba, decisão essa vivamente saudada e elogiada pela própria OMS.
Reprodução digital do vírus ébola
Cuba decidiu enviar 165 médicos e enfermeiros para a África Ocidental, com o objectivo de ajudar as vítimas do ébola. A OMS agradeceu oficialmente o esforço cubano, e com toda a justiça, mas os meios de comunicação portugueses e europeus optaram (como sempre) por ignorar completamente boas notícias vindas da pátria de Fidel Castro. Depois venham dar lições de liberdade de imprensa a países como... Cuba, precisamente! Leiamos então o que disse a OMS na altura:
OMS agradece apoio de médicos cubanos na luta contra o ébola na África Ocidental
A Organização Mundial da Saúde (OMS) saudou na última sexta-feira [12.09.2014] o compromisso do governo de Cuba de enviar 165 profissionais de saúde para auxiliar no atendimento de ébola na África Ocidental.
O apoio recém-anunciado inclui médicos, enfermeiros, epidemiologistas, especialistas em controle de infecções, especialistas em cuidados intensivos e agentes de mobilização social. A acção se concentra na Serra Leoa.
“Se quisermos ir para uma guerra contra o ébola, precisamos de recursos para lutar”, disse Margaret Chan, directora-geral da OMS. “Estou muito grata pela generosidade do governo cubano e dos profissionais de saúde que vão fazer a sua parte para ajudar a conter o pior surto de ébola da história. Esta colaboração vai fazer uma diferença significativa em Serra Leoa”, disse ele.
O roteiro da OMS de resposta ao ébola, apresentado no dia 28 de Agosto, enfatiza a necessidade de dar uma resposta de escala massiva em relação ao apoio aos países afectados. O compromisso do governo cubano é um exemplo do tipo de esforço internacional necessário para melhorar as actividades de resposta e reforçar as capacidades nacionais, disse a agência da ONU para a área de saúde.
“Cuba é conhecida mundialmente por sua capacidade de formação de médicos e enfermeiros destacados, bem como pela sua generosidade em ajudar outros países no caminho para o progresso”, acrescentou a chefe da OMS.
Os profissionais de saúde cubanos serão enviados para Serra Leoa na primeira semana de Outubro e ficarão lá por 6 meses. Todos já haviam trabalhado anteriormente na África.
Os EUA enviaram 3000 militares, sim, MILITARES, para combater o vírus do ébola na Libéria e os media portugueses (e europeus) não só não se interrogaram nunca acerca do sórdido envio de tropas para combater vírus, como ainda se deram ao luxo de elogiar submissamente a boa-vontade do Império Bélico dos EUA. Fica aqui um exemplo típico de desinformação, em O Público:
EUA enviam militares para combater o ébola na Libéria - mas isso pode ser pouco
Os Estados Unidos vão reforçar o seu envolvimento no combate à transmissão do vírus ébola em África, com a promessa de ajuda ao Governo da Libéria para a construção de vários centros de tratamento e o envio de milhares de militares. Mas as necessidades de apoio aumentaram dez vezes só no último mês, afirmou o coordenador da ajuda das Nações Unidas, e vão continuar aumentar se não for posto um travão no número de novos casos.
(...)
Para além da ajuda na construção de centros de tratamento, os EUA vão enviar para os países da África Ocidental mais afectados pelo vírus ébola até 3000 militares. Ao todo, o Governo americano prevê gastar 750 milhões de dólares (580 milhões de euros) nos próximos seis meses.
(...)
O The Washington Post escreve que o envolvimento dos militares norte-americanos indica que as autoridades do país reconhecem que a epidemia pode ficar ainda mais descontrolada.
"Todas estas valências, em conjunto, vão mudar o curso desta epidemia", disse o mesmo responsável norte-americano citado pelo The New York Timese pelo The Washington Post.
(...)
Estranho caso seria este, não fosse a história do século XX e XXI estar repleta de exemplos de invasões militares norte-americanas justificadas com as mais variadas e disparatadas razões. O tsunami no Sri Lanka em 2005, a construção de um aeroporto internacional em Granada ou a corrupção de Manuel Noriega, ditador do Panamá que havia chegado à presidência do país precisamente pelas mãos dos EUA! Bom, a lista é longa, está disponível na internet, e só não a conhece quem não quer. Vietname, Argentina, Irão, Somália, Afeganistão, Nicarágua, Guatemala, Angola, Líbia... Ah, é longa, é antiga e é absurda! Quem muito assertivamente resumiu o nível de absurdidade da política intervencionista dos EUA no mundo foi Fidel Castro, essa figura odiada pelas massas ocidentais embrutecidas, esse "monstro" que num histórico dia proferiu com todo o humanismo:
Dezenas de milhares de médicos cubanos prestaram serviços internacionalistas, nos lugares mais afastados e inóspitos. Eu disse, um dia, que nós não podíamos, nem realizaríamos jamais ataques preventivos e de surpresa contra nenhum obscuro recanto do mundo; mas que, ao contrário, nosso país era capaz de enviar os médicos que se necessitem aos mais obscuros recanto do mundo (Aplausos e exclamações). Médicos, e não bombas!
(Discurso de Fidel Castro Ruz, Faculdade de Direito de Buenos Aires, Argentina, 26 de maio de 2003)
(o excerto acima aparece no momento 1:08:58)
DISCURSO COMPLETO EM PORTUGUÊS:
DISCURSO COMPLETO EN ESPAÑOL:
por Luís Garcia, Lampang, Tailândia, 08.08.2015
FAÇA DOWNLOAD DESTE ARTIGO EM PDF: