Deus é um puto mimado 4, por Ricardo Lopes
O millennial ficou todo queimadinho da cornadura, mais uma vez, de tão calhau que é, de tão cordilheira dos Andes intelectual que é, e, claro está, e como está só a jogar um jogo que permite criar novos mundos do zero, e ele tem plenos poderes sobre a narrativa, decidiu vingar-se. Mandou um anjo para falar com a Maria, que era o nome da gaja mais linda da paróquia, e dizer-lhe que o filho era dele, e não do José. Logo a matar não sei quantos coelhos de uma cajadada. Por um lado, convenceu-se que tinha perdido a virgindade. Por outro, negou ao José a perda de virgindade e a paternidade, porque ainda por cima a Maria continuava a ser virgem, não se sabe como. Ainda por outro, conseguiu pôr em curso o seu plano maquiavélico para fazer praticamente o mundo inteiro sucumbir perante a violência de dois milénios, and counting, da porra de uma crença, e que não se fica apenas pela religião…mas já lá vamos.
Mas, enfim, lá nasceu o puto, vieram lá uns gajos de longe para oferecer ouro, incenso e mirra, que o coitado do José deve ter estoirado todos em vinhaça, tais deveriam ser os distúrbios mentais resultantes de saber que não tinha perdido a virgindade mesmo tendo feito sexo com a Maria, que a qualquer momento podia vir um espírito e violar-te no sono, e que o salvador do mundo não era filho dele. Portanto, e sem culpa nenhuma, lá estoirou a fortuna toda e teve o pessoal de continuar a viver numa gruta, que o ordenado de carpinteiro não dava para mais.
O filho cresceu e, claro, com pai adotivo alcoólico, pai biológico desconhecido e mãe virgem, foi-se meter nas leituras anarquistas, por causa da sua revolta, e começou a questionar o sistema todo. Questionou o sistema todo, andou pelo deserto 40 dias, esfarrapou o único par de sandálias que tinha, roubou a uns pobres para dar a outros pobres, estroncou a Madalena, que tinha o mesmo nome que a mãe, só que nunca assumiu a relação, porque era o único arquétipo relacional que tinha por causa dos pais que tinha, salvou uma prostituta do apedrejamento, provavelmente porque queria ele ir apedrejá-la a seguir como deve ser e não à frente de todos, transformou água em vinho para afogar as mágoas, multiplicou o pão porque já andava esfomeado como o caraças, ressuscitou e curou pessoas porque tinha uma grande necessidade de atenção. Também por isso é que deu um último grande banquete para os amigos todos, para o recordarem como uma pessoa que sabia apreciar uma boa festa e beber com a malta. Sempre eventos bem regados de vinhaça, ou cerveja, que era a bebida mais comum na altura, mas disso ninguém fala, porque é coisa de bêbedos de tasca. E, claro, como bom Kurt Cobain de Nazaré, teve de planear uma morte dolorosa, para a dor física eliminar a dor psicológica, e foi dizer ao Judas para o denunciar, depois de ter andado metido na delinquência a rebentar com um mercado todo num templo, às autoridades romanas, que na verdade eram as autoridades judaicas, e ser torturado e crucificado. Ele, na altura, estava mais a pensar em cortar os pulsos. Espetar pregos custou mais, mas não se pode ter tudo.
Agora, meus amigos, sejamos sinceros. Quem é que ainda duvida que isto da Bíblia foi a história criada por um puto estúpido gamer, num jogo que permite criar o seu próprio mundo, praticamente analfabeto, inculto, arrogante, tarado sexual, virgem, sádico, psicopata, num futuro mais ou menos próximo em que já existia máquina do tempo, e ele não a quis usar ele próprio porque ia ter de sair da casa da mãe para um mundo perigoso lá fora, e ainda por cima num tempo antigo em que não havia Pringles com sabor de churrasco, e meteu lá dentro o texto redigido automaticamente pelo algoritmo do jogo, para ir parar algures entre um tempo antes e depois do nascimento de Cristo, e, na verdade, quem o encontrou ter passado simplesmente os 2000 anos seguintes a modificá-lo, mas nunca o ter redigido originalmente?
E, este cara de tremoço, lixou a história mundial inteira por causa disto. Não esqueçamos que ele também é antissocial, misógino e misândrico, misantropo vá. Ele gosta que toda a gente no mundo sofra por não reconhecer o seu valor e por nunca ter feito sexo. Por isso, que melhor vingança, do que meter toda a gente do mundo a fazer exatamente tudo o que ele quer, exceto abrir as pernas para ele, pelo menos diretamente?
Não esqueçamos que foi esta fantochada de um deus único e todo-poderoso que justificou as maiores atrocidades que se cometeram ao longo da história humana, poder esse que depois transcorreu para figuras de estado e que legitimou as suas chacinas e estupidez.
Não esqueçamos que foi uma figura paternal toda poderosa e incondicionalmente boa e misericordiosa que legitimou o mundinho das ideias do grande janado do Platão e engolfou toda a atividade intelectual europeia, e depois do mundo, praticamente até aos dias atuais, e prossegue em muitos domínios intelectuais. Foi esta palhaçada que legitimou terminantemente a atividade segundo a qual alguém consegue criar conhecimento dentro da sua própria cabeça por se deixar estar muito tempo a fazer associações entre merdas que outros retiraram de dentro da sua própria cabeça, num ciclo infindável de insanidade e deturpação do mundo real.
Não esquecer: a moralidade tem andado em redor das perturbações mentais deste puto estúpido que criou o mundo retorcido da Bíblia, e até mesmo a forma de epistemologia prevalecente, e única até ao desenvolvimento do modelo científico moderna, tem uma relação estrita com a ideia de que uma entidade divina toda poderosa e omnisciente nos permitir atingir o conhecimento através de pura masturbação mental ou esgrima “racional”. Estes senhores dos mundos das ideias e das artes são os ociosos que tinham tempo para andar constantemente a olhar para dentro do próprio entulho mental, enquanto outros mantinham a sociedade a funcionar.
Não esqueçamos também que, como millennial, este retardado mental teve de chamar a quem se lhe opunha no mundinho inventado dele de “infiel”, que é a versão larilas de “hater”.
Vou deixar uma última prova para suportar a minha tese de que o deus da Bíblia é um millennial puto estúpido mimado virgem gamer: os dez mandamentos.
Isto é importante porque os dez mandamentos são as únicas leis que o manelinho fez questão de deixar escritas para toda a gente ver.
1 - Amar a Deus sobre todas as coisas.
Mais uma vez, reconheçam o meu valor, porque eu não tenho de fazer ponta de um corno para ser evidente que valho muito mais do que tudo e toda a gente. Também, só penso em mim próprio.
2 - Não tomar seu santo nome em vão.
Não andem para aí a falar mal de mim, porque é por isso que quando a minha mãe não está em casa e eu tenho de ir a pé ao Pingo Doce para comprar Coca-Cola e Pringles com sabor a chouriço, eu nem olho para ninguém, porque já sei que toda a gente me está a julgar, e se lhes dissesse o meu nome iam logo para o facebook falar mal de mim, porque são todos uns retardados, no-lifers.
3 - Guardar domingos e festas de guarda.
São os únicos dias em que eu tenho a certeza que a minha mãe vai passar os dias inteiros em casa, e eu não tenho de me levantar da cadeira de escritório que já range com o meu peso, para ir à cozinha 5 minutos preparar uma lasanha no forno. Para além disso, gosto de prendas, e por isso gosto do Natal, da Páscoa e dos meus anos.
4 - Honrar Pai e Mãe.
Porque quem não honra são esses atrasados mentais que andam para aí a ser contra o sistema e não jogam Counter Strike nem Halo 4, nem gostam de ver Breaking Bad ou Westworld nem os filmes dos Transformers, e por isso não sabem nada do que é bom.
5 - Não matar.
Não podem matar quem eu não quiser, porque eu quero torturar toda a gente. Para além disso, foi o que a minha mãe me ensinou, e ela sabe tudo, e também me disse que era para eu não ir parar à prisão. De qualquer maneira, eu quero matar muita gente na mesma, mas não me apetece levantar a peida da cadeira almofadada nem deixar de poder comer francesinhas e Big Mac’s, porque a seguir teria de me suicidar, para não ter de lidar com o julgamento alheio e ir parar a uma prisão sem computador com teclado de gamer.
Para além disso, também não quero que os talibãs me entrem pela casa adentro e me matem, como anda a aparecer no 9gag.
6 - Não pecar contra a castidade.
Para evitar que as pessoas andem para aí a sentir-se bem por terem mais sexo do que eu, que é nenhum.
7 - Não roubar.
Mais uma vez, porque não quero que as pessoas me façam mal, até porque eu sou aleijadinho parcial derivado da minha obesidade tipo III, e daqui a dez anos vou andar de muletas.
8 - Não levantar falso testemunho.
Já disse, não me julguem, seus haters de merda! Nem quero sequer ouvir ninguém a dizer que não gosta das mesmas coisas que eu gosto, porque não sei lidar com isso!!!
9 - Não desejar a mulher do próximo.
Mais uma vez, não façam mais sexo do que eu!!!
10 - Não cobiçar as coisas alheias.
Mais uma vez, não me venham roubar, que eu sou semi-aleijadinho, e não tenho culpa de só gostar de comidas calóricas, gordurosas, açucaradas e processadas!!!
FIM
Ricardo Lopes
Leia também: