Deus é um puto mimado 3, por Ricardo Lopes
Então, prosseguindo para a história do Noé, que está para a revelação do millennial que é deus, como os escritos do Freud estão para a revelação da sua taradice sexual.
O Noé era um velho do caraças, que pelos vistos ou nasceu logo velho, ou então o retardado que criou o mundo da Bíblia fez fast forward na história, porque, como bom puto estúpido, não gosta de história “parada”, quer passar logo para as partes de ação, e foi logo para a parte em que ele já tinha 600 e tal anos, salvo erro. Ou seja, se um gajo já vê velhos tugas de andarilho aos 60 e poucos anos, imaginem um velho que vivia algures no antigo Médio Oriente, porque toda a gente sabe que estas tretas destas histórias todas se passaram no antigo Médio Oriente, e até dá jeito ao canalhita que as inventou porque, como vive na porra da cave da casa da mãe, como qualquer outro retardado que utiliza o 9gag para se informar do estado atual de coisas no mundo, odeia, porque é da moda e porque é cool, os muçulmanos todos e receia um atentado terrorista na casa dele, até porque, mais uma vez, é completamente centrado em si mesmo e, portanto, se atacam Berlim, porque é que não hão de ir a seguir para a pessoa mais importante do mundo, a seguir à mãe dele quando chega a hora das refeições?
Agora, voltando ao Noé, era então um velho nos seus 600 e tal anos, portanto no auge da sua aptidão física, e um dia deus, que se fartou de as pessoas não fazerem o que ele queria, isto depois de ter sido ele propositadamente a colocar a árvore com o fruto da perversão sexual – porque, para quem não sabe, a perversão sexual nasce da moralização do nudismo e do sexo, e não de tratar o sexo como algo natural – no paraíso capitalista, e como um millennial não tolera que os outros não façam tudo exatamente como ele quer, e ainda por cima andava tudo a pinocar forte e feio e ele continuava virgem, e portanto tinha criado um mundo para ver nele ainda mais do mesmo que o fazia sofrer no mundo original de onde vinha, qual foi a sua grande ideia? Qual foi o grande plano que ele teve séculos para congeminar, sendo ele o dono de toda a sabedoria? Ah e tal, vou mandar o velho de 600 anos e os filhos dele construir uma arca grande como o raio que me parta, para o meter lá a ele e à família e a dois de cada bicho, que aquilo para lá caber tudo vai ter de ser uma puta de uma arca que até lá podiam meter todos os americanos obesos e aquilo não afundava nem partia, vou mandar vir uma chuvada que deus me livre para matar estes desvirginados todos e pronto, depois deixo um bocadinho de terra para os meus escolhidos se estabelecerem. Que bocadinho de terra? Outro qualquer no Médio Oriente, como sempre. E provavelmente a arca era mas é para andar num rio de grande caudal e eles é que não conseguiam ver as margens. Mas, adiante. Primeiro passo do plano: falar com o velho. Como? Eh pá, fácil, ligo altifalantes e o gajo ouve-me lá em baixo instantâneo. Não! Vou chamá-lo ao monte.
É curiosa a tradição de deus de chamar pessoas ao monte para falar com elas ou lhes dar coisas. Mas eu sei porque é que um millennial o faria e, portanto, porque é que o deus da Bíblia o fez. Primeiro, porque como ele tem aptidão social zerinho, cada vez que fala com uma pessoa tem de ter a certeza de que apenas ela está presente para outros não julgarem. Também por isso é que quis matar toda aquela gente que andava metida nos pecados carnais, porque era tudo gente que estava ali mesmo à mão de semear para o julgar. Aliás, nunca ouviram millennials a comunicarem através das redes sociais ou presencialmente e, após exporem uma situação, terminarem com “Não me julguem”? Não? Eu ouvi, e muito. E, em segundo lugar, o monte é sempre um bom lugar para se dedicar a atividades de cariz sexual condenadas socialmente – lembrar que ele é que criou as condições para que fossem condenadas socialmente, porque os millennials também gostam muito de arranjar sarna para se coçar -, e como o único contacto que um millennial como o deus da Bíblia alguma vez teve com sexo foi através da pornografia na internet, com certeza que, depois de tantos anos de masturbação, já tem de ir para a categoria “granny” para não sentir os efeitos da disfunção erétil a acometerem.
Enfim, isto tudo para dizer que ele também foi retardado o suficiente para, ao invés de usar os seus poderes e sussurrar ao ouvido do Noé os seus planos, o chamar ao monte e falar alto como o caralho na mesma. E se calhava ir por ali a passar um pastor de cabras? É que ele também dizia que sabia tudo, mas não sabia, apenas suponha, como bom millennial armado em intelectual de esquerda. Por isso, também, é que teve de ir perguntar ao Adão e à Eva o que tinham feito. Se eles tivessem dito que não tinham feito nada, estava tudo na boa, só que eles eram pessoas decentes que o deus da Bíblia puto estúpido mimado enfiado na cave da casa da mãe inventou para torturar.
Agora, lá foi o desgraçado do velho, que deve ter ficado uma semana fora de casa só para fazer a puta da caminhada. E imaginem o chiqueiro que não deve ter sido quando voltou para casa, sem ter levado o telemóvel carregado com ele, e ainda por cima dizer que foi para o monte. O que é que a mulher não há de ter pensado, e o que é que ele não há de ter aturado, ainda por cima num mundo em que todos exceto eles era tarados sexuais induzidos pelo estafermo do deus? Digamos que não é uma desculpa que pegue com facilidade, “Ah e tal, fui ao monte para falar com deus, porque ele gosta de falar nos montes”. Até eu pensava “É, é, o que tu foste fazer sei eu.”. E tudo por culpa de quem, mais uma vez? Do millennial retardado que quer andar sempre a desestabilizar as relações humanas no mundo que criou, para se sentir menos mal com a sua precariedade emocional.
Mas, a coisa lá se resolveu, quanto mais não fosse porque a mulher também cada vez que tinha tentado ir para a cama com o marido desde que ele fez 95 anos, já via que aquilo murchava logo, e não havia de ser uma galdéria qualquer a conseguir, e ele lá juntou a escassa família para construírem a torre do Dubai dos aparatos navais. Provavelmente, mandaram vir uns escravos, com a promessa falada de um bom ordenado, do sudeste asiático, norte de África e América Central, como fazem no Dubai, que só assim se explica uma coisa tão grande ter ficado feita em tão pouco tempo. Também se já ia toda a gente morrer de qualquer maneira, o pessoal da Etiópia que desse valor à sua vida, em vez de passar o dia de papo para o ar a beber bagaço e a mandar as mulheres cultivar os campos.
A arca lá ficou pronta, veio um casal de animais de cada espécie da porra do mundo inteiro, que eu ainda estou para perceber como é que o conseguiram fazer em tão pouco tempo. Provavelmente deus, filho da puta como é, largou uns mísseis na América e os animais cagaram-se todos que com o susto até aprenderam engenharia naval, construíram uma nau e foram a remar até lhes caírem os braços até lá ao Médio Oriente. Portanto, às tantas até foram os americanos que descobriram a Ásia e, quem sabe, até a Europa, só que não se assustaram o suficiente para desenvolver a linguagem e um sistema escrito da mesma. Mas, enfim, mesmo que tivesse ocorrido esse feito colateral, e no espaço de uns dias tivessem feito tudo isso, a arca ia tão apinhada que o Noé lá lhes mandava deixar para trás a sacola de manuscritos, provavelmente redigidos por um irmão da anaconda que tinha a mania que era a legítima herdeira do trono da Amazónia para a legitimar através de uma árvore genealógica que começava no primeiro organismo unicelular a aparecer na América do Sul e a consumir dois gramas de hidratos de carbono.
Enfim suposições à parte, e parágrafos inteiros que não têm nada a ver com nada à parte, eles lá conseguiram enfiar a bicharada toda, até porque o puto não se queria dar ao trabalho de perder pontos de experiência a mandar com os porcos toda a sua criação animal não humana e começar a evoluí-los do zero até chegarem ao Pikachu, logo a seguir começou a chover brutidades, até há quem diga que caíam verdadeiras cascatas das lágrimas juntas de toda a gente que saiu da Europa para ir descobrir outras terras, juntas com as lágrimas de todos os que chegaram a alguma dessas terras com vida, juntas com as lágrimas que eles derramaram cada vez que tiveram de matar uma pessoa diferente deles, juntas com as lágrimas que derramaram de cada vez que violaram uma mulher de alguém diferente deles, juntas com as lágrimas que derramaram de cada vez que se viram obrigados pelo sistema capitalista a explorar os recursos locais e a deixar as pessoas a morrer à fome ou economicamente dependentes deles, juntas com as lágrimas que derramaram de cada vez que, mesmo depois de terem sido tão magnânimos para com os povos autóctones, estes cometeram crimes e atentados contra eles, juntas com as lágrimas que derramam por os verem como seus filhos e terem de os chacinar por mais recursos para manter a economia a fluir e a os iates atestados. Sim, está mesmo lá na Bíblia, para quem souber ler nas entrelinhas.
Mas, enfim, eles lá foram, que nem sei como é que a arca andava, porque não tinha velas e não havia quem conseguisse remar uns remos para fazer aquilo andar. Ele lá fez o Noé e a família penar por nunca mais verem terra, os recursos estarem já a esgotar-se, para alimentar tanta malta, o cheiro a merda já se ter entranhado no epitélio nasal, que já não havia pás suficientes para limpar o cocó de tanta gente e a urina já estar a fazer apodrecer a madeira, porque um bom millennial só consegue conceber relações humanas nas quais quem gosta tem de sofrer e fazer os outros sofrer, que é a mesma que viu ter os pais entre si e as que viu ter as professoras com os alunos e as mulheres com os estafetas de pizzarias nos filmes pornográficos. Mas, depois de bem sofridos, lá ele deixou vir um bocado de terra à superfície com a oliveira – e isto prova, também, e até porque ainda mais sentido faz assim, porque a cultura latina o promove, que o puto certamente vinha de um país azeiteiro, como Portugal – para a pomba arrancar uma folha e a família da arca chorar de alegria por finalmente ter algo com que regar o bacalhau, que agora andavam muito dedicados à pesca, por razões óbvias, mas o bacalhau sem uma boa gordura saudável não escorregava bem. Deve ter sido também esta mesma gente que trouxe a tradição do bacalhau para um país que não tem bacalhau no seu território marítimo, sendo provavelmente o único país do mundo em que as pessoas são suficientemente idiotas para ter como principal ingrediente gastronómico algo que não se encontra no próprio país. Parabéns à prima.
Eles lá chegaram, os filhos do Noé fizeram sexo, os filhos dele fizeram sexo, cagou-se para tudo quanto era convenção social e bons costumes genéticos, e toca a meter irmãos e irmãs, avós e netos, pais e filhos que, tal como o senhor tinha dito lá no início, “crescei e multiplicai-vos”, e o que ele queria mesmo era criar relações humanas insalubres para depois poder dizer que tinha razão. Pronto, foi esta estrumeira desgraçada, até ao Novo Testamento.
Depois o puto começou a ficar aborrecido, porque as coisas já estavam a ficar repetitivas, não havia explosões suficientes, não havia gente a ser torturada até à morte com fartura e pensou “Espera lá, agora é que eu vou montar a puta. Vou enfiar o headset de realidade virtual, vou violar uma gaja que eu já topei que anda ali que tem umas tetas que meu deus do céu, que sou eu, vai nascer um filho meu, que vai ser uma pessoa muito boa, embora nunca tão boa como eu, os outros é que têm problemas em reconhecê-lo porque são pessoas fúteis e superficiais, as pessoas vão adorá-lo, ele vai morrer por elas, e depois vai ser um forró-bodó contínuo, que o pessoal vai justificar tudo em nome dele, e eu não vou ter culpa de nada, e vai ser cruzadas, mortes, queimadas, torturas variadas, papas a foder com tudo quanto tem buraco, vai ser uma puta de uma sequela do Saw, nem te digo nem te conto!”.
E o gajo lá enfiou o headset, só que como estava lá só numa espécie de espírito, porque toda a gente sabe que a pessoa não é porque se mete nas realidades virtuais que está lá mesmo no mundo virtual e pode andar a perder a virgindade e, quando já estava quase a arregaçar a saia da coitada, apareceu o José e começou no comilanço, e roubou-lhe a gaja mais linda da paróquia.
Continua
Ricardo Lopes