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Desfrutando a vida em Ohrid, por Luís Garcia

03.02.17 | Luís Garcia
 

 

DOS BALCÃS AO CÁUCASO – EPISÓDIO 11  

Desfrutando a vida em Ohrid

 

bw  VIAGENS  Luís Garcia        

Estou bem, aonde não estou, porque eu só quero ir, aonde eu não vou, porque eu só estou bem, aonde não estou, porque eu só quero ir, aonde eu não vou, porque eu só estou bem... aonde não estou. (Estou Além, António Variações)

 

17.06.2014

De manhã, antes de desmontarmos a tenda, tomámos como pequeno-almoço o resto do almoço oferecido no dia anterior por Ibrahim, O Milionário. Desmontada a tenda, pegámos nas malas e começámos a caminhar em direcção ao centro. Não tínhamos sequer caminhado 300 metros quando um simpático senhor (Erkan) nos chamou e convidou a beber café turco na sua barbearia, na companhia de um amigo seu albanês. Erkan é um macedónio de etnia turca, o que facilitou imenso a conversa. Depois de comer lokum (especialidade turca) e de ter tido  interessantes discussões sobre a Turquia, a Macedónia e a estupidez nacionalista grega de não aceitar que a Macedónia tenha o nome e bandeira que tem (a Grécia inclusive vetou sucessivamente a candidatura de adesão da Macedónia à UE por esta ridícula razão), pedimos para nos guardar as malas e partimos de costas leves em direcção ao centro da cidade de Ohrid.

 

Claire, Erkan & o seu amigo albanês bebendo café turco na barbearia

 

Depois de uma curta visita à cidade, e debaixo de chuva, subimos o monte à beira-lago onde se encontram quase todos os tesouros históricos e arqueológicos da cidade.  Ainda debaixo de chuva visitámos algumas igrejas, o anfiteatro e o castelo mas, felizmente, a caminho das duas atracções principais, o sol apareceu!  Tentámos primeiro visitar o Mosteiro São Clemente de São Paneleimon, mas acabámos por fotografar de fora, chocados e enraivecidos por ver o mosteiro e as ruínas adjacentes de uma antiga basílica cristã envoltos em construções turísticas megalómanas e claustrofóbicas. Não gastam um cêntimo a recuperar e/ou proteger as ruínas que ainda subsistem e metem-se com obras de uma escala absurda que comprovadamente destroem o que resta da ruínas, tudo isto para construir empreendimentos turísticos que têm o ignominioso descaramento de apresentar como réplicas das ruínas que estão a destruir em consequência das obras dos próprios empreendimentos turísticos! Ahhh, não há paciência para este capitalismo selvagem e as respectivas massas turísticas abestalhadas que suportam tudo isto com os seus desejos de férias à lord em locais de sonho como este. Podem e devem ter, pois claro, sonhos do género, mas não financiem com os seus orçamentos de férias crimes contra a história e a cultura pernoitando num hotel de luxo como aqueles que querem fazer aqui! Ah, e como se não fosse suficientemente ridícula a situação, ainda nos pediram quase 2€ para entrar e visitar o mega-estaleiro lamacento no qual se encontra perdido no meio o tal Mosteiro São Clemente de São Paneleimon!

 

Desiludidos com a catástrofe cultural, descemos rápido a falésia até alcançar outro tesouro histórico, a Igreja de São João Theologian-Kaneo. Aqui sim, tivemos a agradável surpresa de encontrar um igreja linda e antiquíssima, envolta por um belo jardim que acaba mesmo à beira do precipício do qual se tem uma soberba vista do lago Ohrid! 

 

De volta à cidade, regalámo-nos com um banquete que custou 1,5€ a cada e fomos ao mercado central comprar equipamento extra para a viagem: um mini-fogão a gás, uma mini-botija extra e um taça metálica com os quais já podemos fazer sopa e café! 

 

Como era de adivinhar, à noite subimos o monte de malas às costas com o objectivo fixo de montar a tenda e dormir naquele jardim perfeito, entre a igreja antiga e o lago Ohrid. Quando chegámos à entrada demos com uma scooter estacionada e com luz acesa na casinha do guarda. Aproximei-me, ouvi barulho dentro da casinha e continuei a caminhar para dentro do recinto da igreja. Pareceu-me tudo muito calmo, não havia visitantes e o guarda deveria estar a dormir. O barulho na casinha deveria ser de um rádio ou de uma televisão. Voltei atrás para pegar na mala e chamar a Claire. Entrámos os 2 no recinto, pé ante pé, até chegar ao ouro lado do jardim, à beira do precipício, onde havia relva macia e um espaço de ângulo morto, no qual daria para montar uma tenda sem que esta pudesse ser vista por quem eventualmente caminhasse no passeio principal em redor da igreja.

 

Por volta da 1h da manhã ouvimos o som das cordas da tenda a mexer e de seguida alguém a bater à porta com violência! Falei em inglês e pedi para ter calma e que não tivesse medo de nós, e que eu iria sair da tenda para falar. Achávamos mesmo que tínhamos sido apanhado pelo guarda e que a noite de sonho se tinha tornado num pesadelo. Mas não, quando saí da tenda dei com 2 turistas a tirar fotos ao lago com os seus telemóveis. De início ainda olharam para mim, quando saí de forma apressada da tenda, mas depois ignoraram-me por completo! Percebo que no escuro tenham acabado por tropeçar numa das cordas da tenda, mas ainda estou para perceber por que raios bateram com tanto vigor na entrada da tenda para de seguida nos ignorarem, mesmo constatando que eu e Claire olhámos ostensiva e prolongadamente para os 2 enquanto estes não partiram dali! Enfim, mais um daqueles filmes…  

 

Álbuns de fotografia

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Luís Garcia, 03.02.2017, Chengdu, China

 

Se quiser ler mais estórias desta viajem clique em:

Dos Balcãs ao Cáucaso

 

 

 
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