Desespero mediático 6 - RTP, 1ª parte
Por que raio desespero com uma notícia da RTP? Pelo que está errado nela. O que está errado na notícia? Tudo, começando por não ser sequer uma notícia! Convido o leitor a passar os olhos pelo artigo da RTP abaixo partilhado, e depois seguimos para a análise à trapalhada do pasquim:
Receitas do grupo extremista Estado Islâmico caíram 30% em nove meses - estudo
As receitas do grupo extremista Estado Islâmico caíram cerca de 30% desde o ano passado, obrigando a organização a introduzir novos impostos no território que controla, incluindo uma taxa de reparação de antenas parabólicas, segundo um estudo hoje publicado.
"Em março de 2016, o rendimento mensal do Estado Islâmico caiu para 56 milhões de dólares [49 milhões de euros]", declarou Ludovico Carlino, analista chefe do IHS Jane, um instituto especializado que publica regularmente relatórios sobre os territórios controlados pelos extremistas. "Em meados de 2015, a receita mensal do Estado Islâmico era de cerca de 80 milhões de dólares [71 milhões de euros]", é indicado. O relatório da IHS, que se baseia em informações dos meios de comunicação e de fontes na Síria e no Iraque, afirma também que a produção petrolífera nas zonas controladas pelo grupo diminuiu de 33.000 para 21.000 barris por dia. Estas perdas estão largamente relacionadas com os ataques aéreos realizados pela coligação liderada pelos Estados Unidos e pela Rússia.
Cerca de metade das receitas do Estado Islâmico vem de tributação e confisco do comércio de bens, segundo o relatório. O petróleo representa 43% do total, com o restante a vir do tráfico de droga, da venda de eletricidade e de doações. Segundo o IHS, o Estado Islâmico perdeu cerca de 22% do seu território ao longo dos últimos 15 meses e impõe hoje a sua lei a seis milhões de pessoas, contra os nove milhões anteriores. Assim, a sua receita fiscal diminuiu. "O Estado Islâmico aumenta agora os impostos sobre os serviços básicos e procura novas formas de obter dinheiro da população", segundo o investigador. "Estes impostos incluem portagens para os condutores de camiões, taxas para a instalação ou reparação de antenas parabólicas, e `taxas de saída` a quem tente sair de uma localidade", afirma Carlino. Segundo o IHS, o grupo extremista introduziu também multas para os que não respondem corretamente a perguntas sobre o Corão, possibilitando pagamento em dinheiro em vez de punições corporais.
Desde o início do conflito sírio em 2011, metade da população do país foi deslocada, com cinco milhões de pessoas a fugirem para o estrangeiro. Mais de 270.000 morreram. O cessar-fogo decretado sobre a égide da Rússia e dos Estados Unidos em fevereiro não abrange os combates entre o Estado Islâmico e os grupos afiliados à Al-Qaida.
Lusa | 18 Abr, 2016, 07:11
A FONTE - Comecemos pelo óbvio: a RTP, como é hábito, não produz sequer as suas não-notícias, antes as copia da agência de não-notícias e propaganda pró-imperialista Lusa, agência que por sua vez, e no que toca a política internacional, também mais não é que um cavaquiano "bom-aluno" mediático, traduzindo com muita submissão e pouca qualidade os folhetins orwellianos enviados desde o outro lado do atlântico ou desde o outro lado do canal da Mancha.
E não, não é só a RTP, quando uma trafulhice absurda como esta é transmitida pelo império e chega aqui ao feudo, uma vez (mal) traduzida, espalha-se pior que vírus por essa imensa rede digital de prostituição jornalística em língua portuguesa. Basta ver este resultado de pesquisa no Google.
A LINGUAGEM - Como podem constatar a RTP/Lusa, apesar de publicarem um artigo sobre uma organização terrorista que degola pessoas, queima pessoas vivas, faz atentados suicidas, viola de forma sistemática mulheres e crianças, vende mulheres e crianças em jaulas e mercados, faz explodir monumentos, vende artefactos roubados, faz tráfico de armamento e drogas, e por aí fora, aterrorizando numa escala imensa civis indefesos como já não se via há muito, tiveram, os autores desta palhaçada, o descaramento de não qualificar o ISIS de terrorista um vez sequer! Revelador, não? Um muito mau hábito que começa deveras a meter nojo!
Todos os adjectivos negativos não chegam para denegrir e demonizar o chefe de estado sírio que faz o que pode para resistir (com o apoio esmagador do povo sírio, exprimido de forma democrática) às multi-agressões terroristas criadas pelo ocidente e arábia medieval. Pelo contrário, quase todos os adjectivos são demasiado fortes para poderem ser utilizados em referências ao ISIS, daí que os nossos media aduladores dessa organização terrorista nunca a apelidem assim, de "organização terrorista", ou aos seus membros de "terroristas"! E não, o uso de eufemismos como "grupo extremista" não são acasos nem distracção, são actos conscientes de manipulação linguística orwelliana, digo eu que leio muitas notícias deste tema (e detecto padrões).
Diria mais, que a insistência em utilizar a palavra "estado", juntamente a palavras escolhidas de forma meticulosa para a descrição irrealista do comportamento quasi-estatal dessa organização terrorista nesta notícia, de forma clara, mostra o esforço (já antigo) de passar de forma crescente e subliminar a ideia de legitimidade do ISIS (com ou sem terror, que pelos vistos é secundário para atlantistas, NATOnianos e companhia). Razões para tal esforço? Nem eles próprios sabem, quem cita tabuada de cor e de forma mecânica não sabe multiplicar. Quem recebe salários de merda para regurgitar até à exaustão manipulação mediática do império não sabe do que se trata aquilo que copia. Quanto aos patrões, é outra história...
A FONTE DA FONTE - Citam uma fonte desconhecida do público e não se dão ao trabalho de explicar quem é? Ah, simples, apenas comprovam que tenho razão quando afirmo que as não-notícias da agência Lusa mais não são que más traduções do inglês. E digo más traduções porque quando se passa para português, passa-se também para um outro ambiente social no qual não é suposto conhecer a britânica Jane's Information Group, uma editora especializada em assuntos militares e estórias da carochinha anti-Rússia, detida pela empresa de propaganda e lobbying militar norte-americana IHS Inc.! A RTP optou por misturar os nomes, criando a fictícia IHS Jane.
Para terem uma ideia do tipo de propaganda militar inventada à bruta por esta revista especializada em temas militares, dou-vos o exemplo do artigo sobre a iminente e mais recente invasão da Rússia à Ucrânia que a revista IHS Jane's 360 publicou em 2015: SACEUR, analysts see Russia renewing invasion of Ukraine in next two months. Não só nunca chegou a acontecer, como é óbvio, como não podia ser de forma alguma "a mas recente"; visto que não houve invasão anterior, como nos querem fazer querer no texto de propaganda imperialista em inglês. Até hoje estou para ver imagens e vídeos a cores da fictícia invasão russa que a RTP e companhia nos venderam, assim como ainda estou para ver as reais imagens e vídeos que a Ruptly passa o tempo todo a produzir sobre a invasão da Turquia-ISIS no norte da Síria e que nunca, mas mesmo nunca passam na TV para gado domesticado portuguesa, embora sejam de acesso fácil e (quase) gratuito sobre a internet! Não, media tuga nacional não trabalha nessa área de informação internacional factual! Temos pena!
Amanhã há mais, uma segunda parte deste artigo onde dissecarei os disparates de jornalista ignorante e submisso escritas no infeliz artigo aqui denunciado.
Luís Garcia, 18.04.2016, Lampang, Tailândia
Desespero mediático 2 - Turquia
Desespero mediático 3 - Diário de Notícias
Desespero mediático 4 - France 24
Desespero mediático 5 - Palmira
Fontes:
- páginas wikipédia: Jane's Information Group, IHS Inc.
- Receitas do grupo extremista Estado Islâmico caíram 30% em nove meses - estudo
- SACEUR, analysts see Russia renewing invasion of Ukraine in next two months
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