Desespero Mediático 21 - Putin vs Le Figaro, por Luís Garcia
Desespero Mediático 21
Uma grande aula de história e de retórica baseada em factos indestrutíveis que Putin deu aos badamecos de pseudo-jornalistas do Le Figaro, ahahah! A provocações patéticas sobre os EUA, a Síria, a Ucrânia, as sanções contra a Rússia, o alegado envolvimento russo nas eleições dos EUA, a NATO, etc., Putin respondeu com elegância, lógica e com infinita paciência, ao contrário daqueles patéticos porta-vozes da propaganda ocidental que não só não pararam de sobranceiramente provocar o presidente russo, não só repetiram os mesmos mantras anti-Rússia de sempre, como ainda por cima fizeram-no imbuídos da típica impaciência jornalística ocidental de cortar a palavra ao entrevistado e colocar questões paralelas enquanto algo muito sério e importante está a ser dito! Este comportamento dos jornalistas mainstream ocidentais faz-me lembrar aqueles trabalhos de casa das aulas de português, quando tínhamos de preparar uma série de perguntas e depois tínhamos de entrevistar alguém. Um entrevistava o padeiro da aldeia, outro entrevistava o presidente da junta de freguesia, e por aí fora. E no que davam tais entrevistas? Davam numa infantilidade de pergunta-resposta monótona, sem dinamismo nenhum, não havia perguntas adaptadas às respostas anteriores, não havia empatia, e não tínhamos o mínimo de interesse sobre as respostas, pois estávamos nervosamente focados na boa dicção da pergunta seguinte. Portanto trabalho de um infinito autismo-jornalístico mas, aí está, éramos crianças fazendo trabalhos de casa, não jornalistas com dezenas de anos de carreira trabalhando para o Le Figaro cujo o orçamento anual está na casa das dezenas de milhões de euros, ahahah! Portanto, a entrevista partilhada acima é, acima de tudo, uma aula de saber-estar da máquina política russa contra a prepotência ignorante do jornalismo ocidental .
Não me canso de dizer, há que ler O terrorismo Ocidental de Andre Vltchek e Noami Chosmky, onde de forma brilhante é dissecado este comportamento ocidental prepotente, assim como o profundamente enraizado chauvinismo que serve de base a tal comportamento.
E já agora, citando a minha mãe pela primeira vez neste espaço, "que bom é ter um entrevistador calmo, paciente, que deixa falar o seu convidado, sem interrompê-lo o tempo todo, como fazem na televisão portuguesa!" Ah, sábias palavras. A minha mãe disse isto depois de eu lhe ter feito assistir à mais recente entrevista de Afshin Rattansi a John Pilger no programa Going Underground da RT. Disse tudo, está habituada a assistir aos maus hábitos de prepotentes e ainda assim ignorantes jornalistas portugueses. Não está habituada à sensatez e à liberdade de expressão total características deste canal russo incessantemente demonizado precisamente pelos toscos médias ocidentais que aqui são criticados! Está habituada a assistir à infantilidade de pergunta-resposta monolítica, ao jornalista de dedo no ar cagando-se completamente para o que o entrevistado está a dizer e ansioso por perguntar a próxima pergunta-mantra que tem apontada no seu caderninho repleto de sublinhados e coraçõezinhos coloridos! Está cansada de assistir às mesmas perguntas de sempre, como "acha que Assad tem futuro na Síria?", como se a pergunta fizesse algum sentido, como se a pergunta tivesse alguma relevância, como se a parva-pergunta não tivesse já sido feita milhares de vezes pelo mundo fora e centenas de vezes ao próprio Putin, como se não fosse óbvio que a resposta de Putin viria a ser a mesma de sempre pois o homem só tem uma palavra e não muda de ideias como quem muda de cuecas ao bom-mau estilo dos políticos ocidentais! Enfim, a infantilidade jornalística não dá para mais e, como no ocidente chauvinista, quer jornalistas ovelhizantes-ovelhas quer telespectadores ovelhas se recusam a assistir a médias de outros continentes e outras sensibilidades sócio-culturais, por norma, nunca há ninguém para dizer que "o rei vai nu" e, assim, a estória da treta repete-se ad infinitum!
A entrevista a John Pilger está aqui, para quem quiser ver, e para quem quiser comparar, por exemplo, com as de Fátima Campos Ferreira. Ahahahah:
Luís Garcia, 02.06.2017, Ribamar, Portugal
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