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Desespero mediático 12 - Informação selectiva, desinformação agressiva, ocultação ostensiva, por Luís Garcia

30.11.16 | Luís Garcia
 

 

DESESPERO MEDIÁTICO

 

Luís Garcia POLITICA SOCIEDADE 

 

Informação selectiva, desinformação agressiva

Eu ontem, no artigo Desespero Mediático 11, apesar de ter lido nos media ocidentais expressões como "dezenas de milhares", "50.000" ou "80.000" sírios fugindo da Aleppo ocupada pelo terrorismo ocidental, preferi escrever apenas 3.300, pois esse era o número que as autoridades sírias afirmavam ter contado até então. Sabendo que na Aleppo oriental ocupada pelo terrorismo ocidental vivem entre 200.000 a 250.000 mil civis reféns, não será de espantar que um terço de território libertado leve a um terço de civis libertados, o que dá sensivelmente os tais 80.000 tão repetidos nos media portugueses e seus pares. Espanto-me (ou não) é com o vergonhoso comportamento destes mesmo media. Com tanta informação (comprovada) emitida pelas agências sírias e pelo governo sírio, sobre a quantidade de comida e medicamentos distribuídos, sobre como e para onde foram se refugiar os civis libertados, sobre a origem (sobretudo russa) destas ajudas, os jornalistas-merda da RTP e outros decidiram pegar apenas no dado que poderia ser, de forma muito sensacionalista e desonesta, ser utilizado para propagar mais desinformação à la gringo! Imbuídos de uma profunda informação selectiva, estes jornalistas-merda decidiram insistir nas dezenas de milhares, nos tais 80.000, não porque fosse verdade (ainda por comprovar), mas porque com estes números poderiam corroborar os disparates de "catástrofe humanitária" do ministro francês Ayrault e alarmar as massas tugas com o destino "incerto" de tanta gente!

 

O problema é que, se sabem sobre os números avançados pelo governo sírio, mesmo antes do governo sírio avançar esses números, claro é que não faltam aos nossos media ocidentais meios de saber o que se passa, o que se diz, o que se grava e o que se fotografa em Aleppo. Se assim é, onde estão as notícias da RTP sobre os festejos dos sírios libertados? Onde estão as notícias da RTP, acompanhadas de imagens em vídeo e fotografia, dos civis sírios recebendo alimentação, medicação e atendimento médico fornecidos no local pela Rússia! Ahhh, que selectividade perfeccionista!

 

Se fosse informação aquilo que produzem, os jornalistas da RTP informariam sobre como saem os civis sírios da zona leste sobre uma chuva de tiros disparada pelos "rebeldes libertadores", informariam como e para onde fogem impunes os terroristas a quem gostam de chamar "rebeldes". Se quisessem informar, visto que conhecem bem a cifra 80.000 e que então devem ter acesso aos dados, fotografias e vídeos que mostram autocarros do governo sírio transportando civis para abrigos nas zonas sob controlo do governo, então teriam de mostrar essas fotografias e esses vídeos! Se quisessem informar teriam anteriormente mostrado a catástrofe humanitária que sim se vivia naqueles 12 bairros, a qual está em vias de ser resolvida (e não, como propõem, em vias de ser criada) com a ajuda humanitária síria, russa e bielorrussa cuja existência ocultam de forma ostensiva! Se quisessem informar, não teriam enviado o zombie celerado do Paulo Dentinho para andar a cuspir na mão de quem lhe permitiu há dias visita guiada em segurança à cidade de Aleppo.

 

Mas, como optam por seleccionar o que lhes interessa de forma a compor a narrativa que convém aos seus patrões beija-cus dos patrões lá dos states, o resultado do seu trabalho não jornalístico é uma desinformação agressiva, vergonhosa prostituição em forma de mentiras que induzem os leitores e espectadores a apoiar (os seus) estados bárbaros e a amaldiçoar quem despende dinheiro, energia e vidas humanas no esforço de alcançar paz, segurança e estabilidade na Síria!

 

Fotos da SANA News tiradas ontem dia 29, mostrando a fuga, resgate e transporte de milhares de civis sírios para fora do terror de Aleppo oriental e para longe do terrorismo ocidental "rebelde":

 

SLIDESHOW 1

 

 

SLIDESHOW 2

 

SLIDESHOW 3

 

 

Ocultação ostensiva

Se quisessem informar não ocultavam os inúmeros dados sobre os hospitais de campanha (alguns russos) e as cantinas improvisadas em Aleppo. Se quisessem informar, não ocultariam as imagens das 2 toneladas de carne que chegaram anteontem de avião a Deir ez-Zor, cidade sobre controlo sírio mas cercada por ISIS e bombardeada por norte-americanos.

 

Se quisessem informar, explicariam à plebe que a al-Qaeda na Síria dava pelo nome de al-Nusra, e que desde há 3 meses mudou o nome para Fateh al-Sham, tudo maquiavélicas trocas de nomes para baralhar essa mesma plebe desinformada e/ou desatenta. Se quisessem informar, não ocultariam portanto que os "rebeldes de Aleppo" que tanto defendem mais não são que mercenários estrangeiros membros de organizações terroristas extremistas como a Frente Islâmica, a Soldados de al-Aqsa, o Exército da Conquista, o Ahrar al-Sham, o Jaysh al-Islam, etc., e sim, sobretudo a Fateh al-Sham... isso mesmo, a al-Qaeda!  A al-Qaeda que é suposto ser a grande inimiga do ocidente, razão última para existência da NATO, desculpa eterna para as infinitas agressões de rapina da NATO! Na Síria não, na Síria, de acordo com os jornalistas-merda ocidentais, os membros da al-Qaeda são "libertadores", são "rebeldes", são "moderados, assim como na Síria 2+2=5! 

 

Se, em vez de ocultar, antes informassem, explicariam baseados em factos comprovados que a al-Qaeda na Síria actua enquanto organização terrorista estrangeira, ilegalmente estabelecida em território sírio, e não como força de libertação nacional! E insistiriam que, de acordo com as normas internacionais estabelecidas na ONU, é ilegal todo o género de apoio a organizações militares que invadam um país. E teriam de confrontar estas normas com o descarado à-vontade com o qual os chefes de estado da França, Reino Unido e EUA se vangloriam ao cometer ostensivamente tal género de ilegalidades. Se quisessem informar, não ocultariam que al-Qaeda e todas as variações de terrorismo islâmico foram criadas pelos Reino Unido e Arábia Saudita há quase 100, através da Irmandade Muçulmana. Não ocultariam os horrores de que foi vítima a Síria entre os anos 50 e os anos 80, horrores criados pela Irmandade Muçulmana anglo-saudita, horrores semelhantes em natureza e origem àqueles que vemos na Síria desde 2011. Não ocultariam que a URSS "invadiu" o Afeganistão a pedido do governo comunista afegão que sozinho não poderia combater os 30 mil terroristas islâmicos fundamentalistas enviados pelos EUA e Arábia Saudita. Não esconderiam que o próprio Henry Kissinger reconhece que essa guerra foi uma armadilha planeada por ele e seus colegas de forma a que "a URSS se enterrasse também no seu próprio Vietname", palavras de Kissinger! Não esconderiam que desde a "invasão da URSS ao Afeganistão" até ao presente dia, os EUA têm usado o mesmo tipo de organizações terroristas na tentativa de balcanizar a Rússia começando pela Tchétchénia, no desmantelamento bem sucedido da Jugoslávia insubmissa através da criação do UÇK e outras organizações terroristas albanesas, na criação do Partido islâmico do Turquestão, uma organização terrorista Uigur que supostamente quererá a independência da sua região face ao governo central chinês de forma a que os recursos do subsolo dessa região passem para o controlo privado das corporações norte-americanas, exactamente como... no Kosovo!

 

Se não se ocultasse tudo isto, se não se ocultasse também que a "guerra civil síria" foi a reacção violenta dos EUA ao acordo assinado em 2011 entre Rússia, Irão e Síria para a criação de um gasoduto atravessando a Síria; se não se ocultasse que os EUA levavam 10 anos pressionando o governo sírio para que assinasse a proposta concorrente saudita-americana, inclusive ameaçando a Síria com intervenções militares, inclusive assassinando em 2004 o primeiro-ministro libanês Rafik Hariri e depois inculpando al-Assad para assim legitimar uma equacionada intervenção militar na Síria que levasse por fim, e à força, à construção do gasoduto gringo-medieval... se nada disto fosse ocultado nos media... nada mais seria necessário explicar sobre o "conflito Sírio". Tudo seria demasiado óbvio (e contrário à verdade-mentira prevalecente).

 

Por fim, será (só) por culpa dos media aldrabões mentirosos prostituídos que a malta submissa não saiba nada disto? Não, não é, toda esta informação é de livre e gratuito acesso, online, assim como todos os documentos e factos que a comprovam....

 

Luís Garcia, 30.11.2016, Chengdu, China

 

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