Outra coisa, a língua portuguesa, ou qualquer outra que seja, não vai acabar nem ficar adulterada pelo facto de os seus utilizadores começarem a incluir nela progressivamente mais estrangeirismos. Não existem línguas puras, meus vitorianos disfarçados, a não ser que pretendam voltar ao Proto-Indo-Europeu. E, mesmo essa língua provavelmente resultou de milhares de anos de línguas que apenas existiam na sua forma falada em interação umas com as outras. Portanto, o caso está negro. As palavras são símbolos, meus bebés de berço, e a língua é uma ferramenta para veicular informação. Se, com o tempo, se passasse a escrever oficialmente como faziam os adolescentes há 10 anos atrás nas SMS, não seria preciso soar as cornetas e mandar vir os anjos do apocalipse, meus hipersensivelzinhos. Não, desde que os nossos símbolos ou palavra fossem eficazes para transmitir a informação pretendida, então o mundo não acabaria para ninguém, nem a civilização humana ruiria com toda a sua cultura.
Agora, particularmente para os meninos e meninas das pós-modernices. Meus amigos, e amigas, o que vocês fazem e apreciam tem um nome…e parece-me que é MERDA. Lamento ofender as vossas requintadas mentes, mas tudo o que resulta do pós-modernismo, e agora vou referir-se particularmente às artes, é lixo. Está provado que a arte antiga é muito mais apreciada pelas pessoas do que a porra de um urinol virado ao contrário ou uma tela em branco com uma descrição. As pessoas gostam da arte que seguia técnicas com critérios bem definidos, da arte feita com rigor e gosto pelo rigor, da arte que pretende representar de forma mais distinta e elevada possível o belo. Por isso, é que sítios como Roma são os mais visitados do mundo. As pessoas gostam de ver os detalhes da arquitetura antiga; as pessoas gostam das lindíssimas pinturas clássicas, do Renascimento, do Iluminismo; as pessoas gostam de escultura clássica; as pessoas gostam de música clássica; as pessoas gostam de ficção que segue determinadas linhas narrativas. Por isso é que tudo isso, mesmo após séculos e milénios, e apreciado pela vasta maioria das pessoas, por isso é que continua a vender e a atrair a atenção das pessoas para galerias, exposições, salas de espetáculos, e assim será, muito provavelmente, enquanto existir ser humano.
Por isso, meus grandes misantropos, antes de desatarem a passar atestados de incompetência intelectual à populaça, estudem mais um pouco, e talvez ainda consigam chegar à conclusão que, afinal de contas, sempre que decidiam espezinhar o que é popular, o que faltava, na verdade, era mais espelhos em vossa casa.
Ricardo Lopes