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Caça à multa em Varsóvia

08.09.15 | Luís Garcia

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CASOS DE POLÍCIA – EPISÓDIO 4

 

 bw VIAGENS Luís Garcia

 

CAÇA À MULTA EM VARSÓVIA (Polónia, 2010) – Uma estória muito breve, que decidi partilhar para provar que peripécias com polícias não são coisas do passado e que não são exclusivas dos países pobres e corruptos do sudeste europeu (Bulgária, Roménia, Moldávia e Ucrânia). Este percalço aconteceu no centro do centro de uma das mais modernas e cosmopolitas capitais europeias, Varsóvia. Encontrava-me à saída da estação central de comboios onde tinha ido me informar sobre os horários do comboio Varsóvia-Vilnius, numa cidade em que o trânsito é habitualmente caótico e onde nem sempre os sinais estão presentes ou bem visíveis. Depois de descer a escadaria da estação parei à beira da estrada, tentando perceber de que forma poderia atravessar para o outro lado da rua. Não vi passadeiras nem pontes pedestres e, dado o enorme tráfego, hesitei em atravessar. Entretanto, um grupo de pessoas saiu da estação e atravessou a estrada exactamente onde eu me encontrava. Respirei fundo, medi a velocidade dos carros que se aproximavam e, passados alguns segundos de hesitação, executei incólume a arriscada travessia. No momento em que cheguei ao outro lado um carro da polícia polaca acelerou em contra-mão na minha direcção. Vinham passar-me uma multa pela infracção que cometera. Anedótico, no mínimo.

 

Com tanta gente cometendo a mesmíssima infracção (inclusive enquanto os dois polícias me interpelavam), por que razão haviam decidido passar multa ao único moreno de barba preta de mochila às costas e máquina fotográfica na mão? Elementar, caça ao guito estrangeiro! E foi precisamente por aí que construí a minha argumentação, interrogando-os acerca do motivo de multarem apenas a mim e não às centenas de polacos que haviam cometido a mesma infracção durante esse dia. A agente da polícia, que passava já a multa e que falava fluentemente inglês (ao contrário do bronco do seu colega), apontou para o fim da rua indicando-me uma longínqua passadeira quase sumida de velhinha e tapada por carros estacionados por cima dela em ambos os lados da estrada. Ah, perdi a paciência e fi-los perceber que assim mais absurdo se tornava o caso!

 

Muito irritado e enervado disse-lhe que “fossem passar multas aos carros estacionados por cima da passadeira! Fossem passar multa a polacos que têm a obrigação de estar a par da referida passadeira escondida, mas nunca a um estrangeiro! Que fossem mandar pintar de novo a passadeira praticamente sumida. Pagava a multa pois não tinha alternativa, mas para mim aquilo era um assalto à minha carteira provocado pelas más condições da cidade e não pela minha decisão de infringir a lei polaca! Que era uma vergonha para a imagem de país moderno que os polacos tentam passar da sua nação em renascimento!”.

 

Entretanto, vejo um polaco mesma à nossa frente atravessando a estrada, arriscando prodigiosamente a sua vida caminhando calmamente entre os carros passando a alta velocidade. Chamei-lhes a atenção para o que estava acontecer ali mesmo à nossa frente e, apontando para o rapaz atravessando a rua disse-lhes: “Agora só pago a multa se aquele pagar também!” Quando acabo a frase e antes da polícia me responder um outro começa a atravessar a estrada em frente ao carro da polícia. A agente da polícia olhou para o seu colega, depois para mim, encolheu os ombros e respondeu-me: “Bom, vá lá em paz. Podes guardar o dinheiro”. Eu, que tinha as notas já na mão, voltei a arrumá-las na carteira. Sem muitos salamaleques, virei as costas aos engraçadinhos e segui o meu destino…

 

Luís Garcia, 08.09.2015, Lampang, Tailândia

 

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