Bandidos norte-americanos ameaçam a Rússia e a Venezuela: têm de ser parados!, por André Vltchek
Já chega! Tem havido imensa conversa vazia e conferências de paz! Já chega de mendicância: "por favor, caro Ocidente, pare de matar pessoas, pare com os seus genocídios, pare de roubar todos os continentes de seus recursos, pare de escravizar biliões de pessoas!”
Veja onde chegou com isso! A lado nenhum. Absolutamente a lado nenhum! Quanto mais as pessoas imploram, quanto mais protestam, mais o Ocidente as espanca.
Os governantes em Washington, Londres e Paris não têm misericórdia. Não têm sentido de justiça. Só conhecem a ganância e o poder.
No dia 13 de Fevereiro de 2019, a RT informava que:
Os EUA reivindicaram metade do mundo para sim, quando o presidente do Comité dos Serviços Armados do Senado, Jim Inhofe, afirmou que Washington poderia ter que intervir na Venezuela se a Rússia ousasse criar uma base militar não apenas aí, mas algures "no nosso hemisfério.”
“Nosso hemisfério”!
Finalmente, tudo está bem claro. É a velha "Doutrina Monroe". No hemisfério ocidental (que é obviamente propriedade dos EUA), da República Dominicana ao Chile, não há um único país "latino" onde o Ocidente não tenha derrubado governos, onde não tenha violado a vontade do povo, onde não tenha parado o socialismo.
Sabe por que razão temos fascismo no Brasil, na Colômbia e noutros lugares? Porque os nossos líderes de esquerda ou foram assassinados ou foram presos.
O registo de violações de direitos humanos é grotesco. O cinismo do que tem acontecido é igualmente repulsivo.
E agora, Washington basicamente adverte a Rússia e outros países de que não se atrevam a chegar perto ou ajudar os seus amigos e aliados na região! Mantenham-se afastados e observem, a uma distância segura, como violamos um país atrás do outro. E se se atreverem a intervir, atacaremos ainda mais as nossas vítimas. Não só violaremos a Venezuela, como também espetaremos pontapés nela com as nossas botas, dispararemos balas nos seus braços e pernas, acorrentá-la-emos como fizemos com os escravos africanos que construíram o nosso país! E podemos fazê-lo porque os europeus (esses colonialistas cujo sangue circula nas nossas veias), assim como as elites sul-americanas do mesmo pedigree que nós, uma vez mais voltarão a sentar-se nos seus cafés e nos seus sofás a apreciar o espectáculo e a aplaudir-los à distância!
Esta deveria ser a última gota. Por favor, já chega de palavras, por favor. É tempo de agir! Este banditismo e este terrorismo tem de ser travado.
Sr. Trump, Sr. Inhofe, maldito sejam! As pessoas não são gado e não são escravos. Vocês gostavam que fossem, mas não são! Vocês os trataram como animais, os enganaram, roubaram-lhes tudo... Vocês e a vossa espécie, durante décadas e séculos. Mas até mesmo vocês devem estar cientes, ou pelo menos devem suspeitar, que todas essas atrocidades têm que acabar um dia, muito em breve vão ter que acabar!
A RT comentou que:
Inhofe disse que um fluxo de tropas russas ou armas para o Hemisfério Ocidental 'seria uma ameaça para os Estados Unidos da América'. Os Estados Unidos, entretanto, não aplicam a mesma regra a si próprios.
Os EUA mantêm cerca de 800 bases militares em mais de 70 países em todo o mundo, colocadas em todos os continentes. E, enquanto Inhofe quer manter todo um hemisfério livre da influência russa, os EUA estão actualmente em negociações para estabelecer uma base militar permanente na Polônia, bem à porta da Rússia. Dada a longa história de animosidade entre a Polónia e a Rússia, o governo polaco ofereceu-se para desembolsar 2 mil milhões de dólares para a criação dessa base.
Mais, nenhum hemisfério está além do alcance dos Estados Unidos. Os militares norte-americanos dividem o globo em seis "áreas de responsabilidade" de diferentes comandos de combate, os quais mantém em tempos de paz e de guerra. A Rússia, por sua vez, divide o seu território em quatro distritos militares, todos dentro de suas próprias fronteiras."
Quem é que concordou com este duplo e doentio padrão? Quem deu luz verde a este terror? A França, a Alemanha, o Reino Unido e mais meia dúzia de outros países ocidentais e/ou beneficiários? Mas será que a China quer isto. Será que a Índia aceita isto?
A Venezuela é nossa irmã. É irmã da Rússia e de Cuba, do Irão, da Bolívia e até da China.
Este é um momento verdadeiramente decisivo.
Compromissos e fraquezas do passado quebraram o pescoço à luta anti-imperialista; compromissos durante as eras de Gorbachev e Iéltsine levaram à destruição do Afeganistão, da Jugoslávia, do Iraque e de vários outros países. A história não deve repetir-se nunca!
Razão não é coisa que se possa esperar do Ocidente. Este controlava o mundo inteiro através do colonialismo, e agora tenta fazer o mesmo através de bandidagem imperialista.
Se não for parado, irá novamente subjugar o nosso planeta inteiro.
A Rússia, Cuba, a China, o Irão e outros países terão de defender a Venezuela! E, se necessário, deverão lutar por ela! Pessoas decentes e países decentes não devem negociar com bandidos brutais e impiedosos. Não lhes deve ser dito pelos bandidos o que fazer, como se comportar ou que medidas tomar!
Já não deveria haver dois pesos e duas medidas se quisermos que a nossa humanidade sobreviva.
Durante anos e séculos, o Ocidente tem vindo a pressionar toda a gente; está a tentar ver até onde pode ir e do que é que se pode escapar. Se não for parado, levará tudo. Se os países não-ocidentais não lutarem em uníssono pelos seus direitos, protegendo-se uns aos outros, estes voltarão àquilo para que costumavam servir: escravatura. Não é uma alucinação minha. Vejam, basta olhar para o mapa mundo do início do século XX! Já passámos todos por esta situação anteriormente.
Na Venezuela, se tivermos de lutar, estaremos a lutar por Joanesburgo e Moscovo, Pequim e Havana, por Teerão, por Damasco e pela cidade do México. Lutaremos contra a opressão, contra a escravatura e contra o colonialismo.
Obrigado pela sua honestidade, Sr. Inhofe! As suas palavras são para nós muito familiares: já as ouvimos anteriormente, em Londres, Paris, Berlim e Pretória.
E esta é a nossa resposta para si: você não é um polícia do planeta, você é simplesmente um bandido que tem de ser detido! E, mais cedo ou mais tarde, a humanidade amaldiçoá-lo-á, e a sua degeneração imperialista e sangrenta terá um fim!
André Vltchek
Traduzido para o português por Luís Garcia
Versão original em inglês aqui.
André Vltchek é um filósofo, romancista, cineasta e jornalista de investigação. Cobriu e cobre guerras e conflitos em dezenas de países. Três dos seus últimos livros são Revolutionary Optimism, Western Nihilism, o revolucionário romance Aurora e um trabalho best-seller de análise política: “Exposing Lies Of The Empire”. Em português, Vltchek vem de publicar o livro Por Lula. Veja os seus outros livros aqui. Assista ao Rwanda Gambit, o seu documentário inovador sobre o Ruanda e a República Democrática do Congo, assim como ao seu filme/diálogo com Noam Chomsky On Western Terrorism. Pode contactar André Vltchek através do seu site ou da sua conta no Twitter.