Agarrem que é polícia 3
CASOS DE POLÍCIA - EPISÓDIO 5
AGARREM QUE É POLÍCIA 3 (Bulgária, 2008) – Esta estória passou-se no quinto dia do Sudeleste 2008, quando eu e o meu amigo Diogo nos encontrávamos na estação central de Sofia. Tínhamos acabado de sair da carruagem em que viajáramos desde Belgrado na Sérvia e dávamos os primeiros passos dentro da estação onde deveríamos aguardar pela programada mudança de comboio quando, em reacção a uma foto que eu tirei do edifício principal da estação, um polícia búlgaro apressadamente aproximou-se de nós e abordou-me com agressividade. Vociferava – para escândalo dos demais passageiros esperando no cais – acusações absurdas e ofendia-nos toscamente, exigindo que eu lhe pagasse dez euros de multa pela foto tirada "ilegalmente" ao edifício búlgaro, ameaçando de me “arrastar até à esquadra” se não o fizesse! Tentei convencê-lo a ter bom-senso, reflectir no absurdo da sua afirmação e fiz-lhe notar que, na qualidade de cidadão da União Europeia, tinha quase tantos direitos cívicos quanto ele naquele país, e que de forma alguma me deslocaria a uma esquadra sem um fundamento lógico. Além do mais tínhamos um comboio para apanhar daí a um minuto ou dois e não me passava pela cabeça a hipótese de perdê-lo por um capricho daquele estúpido troglodita corrupto. Quando lhe falei do comboio que estaria prestes a partir, o ignóbil polícia aumentou o seu tom agressivo e os decíbeis da sua voz grotesca, garantindo-me que se não lhe desse “imediatamente” os dez euros perderia de certeza o comboio. Estivemos ali brevemente negociando, num surreal e agressivo impasse, quando atempadamente chega o nosso próximo comboio e é informada nos altifantes a sua partida imediata. De repente, uma multidão de centenas de passageiros pouco ordeiros (felizmente, para o caso) começa a corre e a tropelar-se anseando todos obter um lugar sentado. No meio da confusão que se gerou, eu e o meu amigo corremos abruptamente para o meio da multidão, baixando-nos enquanto caminhávamos em direcção a uma das portas de embarque, de forma a nos camuflarmos por entre os restantes passageiros e fazê-lo perder o nosso rasto. O maldito polícia, perdido de raiva vociferava de louco, praguejando incompreensíveis injúrias contra nós! Felizmente, assim que todos os passageiros se encontravam dentro do comboio, este arrancou de imediato (já vinha atrasado). Com todas as portas fechadas e o comboio em andamento, pusémo-nos finalmente de pé, abrimos a janela e colocámos a cabeça de fora para lhe dar o merecido troco de pragas em bom português e gozar eufóricos com o desgraçado, descarregando a carga de stress que tínhamos acumulado por sua causa! Acalmados os ânimos instalámo-nos no conforto dos bancos da nossa cabine, aproveitando o melhor possível o resto do trajecto do mítico Expresso do Oriente que nos conduziria até à cidade eterna de Istambul!
Luís Garcia, 21.09.2015, Lampang, Tailândia
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