Afinal sempre vai haver Exército de Libertação Sírio, por Luís Garcia
Depois de há dias vários grupos "rebeldes" terroristas "moderados" aparentemente "sírios" terem afirmado querer unificar-se e criar um verdadeiro Exército Sírio de Libertação (ELS, ou FSA na sigla em inglês), hoje, por fim, e através dos órgãos de comunicação dos respectivos grupos, ficámos a saber de forma oficial que sim, vão criar um Exército Sírio de Libertação. Que interessante! Eu que, farto de ouvir e ler acusações de embecilidade e paranóia da minha parte por teimar em afirmar que não existe nenhum Exército de Libertação Sírio, começava (treta) a questionar-me sobre a minha sanidade mental, e não é que agora os próprios membros do suposto Exército de Libertação Sírio vêm me dar razão dizendo que este não existe e que, precisamente, irá ser criado em breve. Ahhhh, que risada!
O que sempre houve foram muitas organizações ilegais, armadas oficial e ilegalmente por países como a França, o Reino Unido ou os EUA e que cometem crimes como atirar funcionários públicos do cimo de prédios, decapitação de menores e por aí fora, porque quem se interessa por saber, já estará por certo a par de todas essas barbaridades.
(funcionários públicos sírios lançados do cimo de um prédio por membros do ELS, 11.08.2012, Aleppo)
(decapitação de Omran Daqneesh, uma criança palestiniana de 12 anos pelo grupo Nour al-Din al-Zenki Movement, sub-grupo da al-Qaeda e aliada de vários dos grupos que "agora se unirão" em forma de exército rebelde sírio, como por exemplo o Ahrar al-Sham ou o Jaysh al-Islam)
(à esquerda, membros do grupo terrorista Nour al-Din al-Zenki momentos antes de decapitar a criança palestiniana; à direita, os mesmos, agora participando numa manifestação do ELS)
E depois, se não tiver, consulte a Wikipédia (apesar de altamente parcial e duvidosa em política internacional), e encontre relatos desses crimes. Desses crimes e não só. A própria Wikipédia não esconde as filiações de vários desses grupos "rebeldes" terroristas com organizações reconhecidas como "terroristas" pela mesma França, o mesmo Reino Unido e os mesmos EUA que de forma oficial (mas ilegal, de acordo com a lei internacional) financiam e armam os primeiros. O exemplo mais flagrante é o da al-Qaeda (ou al-Nusra, ou Jabhat Fateh al-Sham, ou Tahrir al-Sham como agora lhe chamam nesse constante esforço mediático de baralhar para desinformar), aliada de vários desses grupos como o Ahrar al-Sham ou o Jaysh al-Islam patrocinados pelo ocidente, embora a al-Qaeda continue a ser sinónimo de demónio na terra para a plebe ocidental e que, quando realiza ataques terroristas na Europa, não são, como é óbvio, bem vistos por essas bandas. Enfim, profunda ignorância de uma sociedade ocidental enferma de uma profunda dissonância cognitiva.
De tal forma enferma anda esta sociedade europeia que, após quase um mês no norte do Líbano trabalhando numa escola para refugiados sírios, é por demais óbvio que todo o trabalho pseudo-humanitário financiado e organizado pela União Europeia e por inúmeras organizações de voluntariado europeias são, sem margem para dúvida, uma grandessíssima javardice de ingerência, propaganda do caos e apologia de terrorismo. Não, não alucino, e daqui a uns tempos material infinitamente escandaloso e bombástico irá começar a ser publicado aqui no Pensamentos Nómadas sobre este tema. Por agora digo apenas que sim, está infinitamente enferma a nossa sociedade europeia que, ao mesmo tempo que vem para aqui com quiméricas propostas de pazes podres sem pés nem cabeça, apoia também, de forma explicita, organizações directa ou indirectamente relacionadas com os grupos terroristas do tal Exército de Libertação Sírio (ELS) e, consequentemente, relacionadas com a al-Qaeda na Síria. Pior, formatam as mentes dos refugiados que, apesar de se encontrarem a 5-10km da fronteira sírio-libanesa, não fazem a mínima ideia do que se passa no seu país (fim do cerco a Der-ez-Zor ontem, por exemplo), e que, por pressão do humanitarismo de rapina europeu, não querem voltar para a Síria. Tudo isto porque humanitarismo de rapina é um negócio de milhões e esses milhões só giram se o caos e a desordem humana permanecer. O lucro impera! Prometo que, assim que estiverem recolhidas e organizadas todas as provas, começarei a publicá-las aqui, e então poderão constatar, por exemplo, que o director (sírio) da escola onde me encontro, é um podre maquiavélico peão da propaganda anti-Síria da União Europeia, sim, directamente da União Europeia, assim como um apoiante indiscutível do ELS (aliado da al-Qaeda na Síria) e um propagandista de escandalosas mentiras anti-Assad, e até um mafioso que negoceia o preço em dólares de crianças sírias. Enfim, há que esperar.
Voltando ao ELS, é oficial a vontade de quererem por fim existir, mas esta estória não faz sentido nenhum. Após meses de paz, desde os acordos obtidos nas Cimeiras de Astana entre a Turquia, o Irão e a Rússia (cimeiras essas cuja existência foi por completo censurada pelos média/mídia ocidentais), o que se passa neste momento na Síria é precisamente o contrário da criação de um exército de "rebeldes". O que se passa é que povoação após povoação de "rebeldes" tem se entregue de forma pacífica às forças legais e largado as armas. Isto enquanto as Forças armadas da Síria e aliados recuperaram dezenas de milhares de quilómetros quadrados contra o ISIS num movimento imparável de retoma do controlo do seu território. Portanto, esta proclamação de um ELS unificado é para consumo externo da propaganda ocidental estupidificante.
Aos mais cépticos, que poderão achar que a lista dos membros do novo ELS que aparece como capa deste artigo possa ser invenção minha, convido-os a consultar a conta twitter da agência de informação do ELS (FSA em inglês), a FSA News, ou os sites oficiais das organizações terroristas que fazem parte do ELS, como o ahraralsham.net ou o jaishalislam.com. E já pensaram como é possível que organizações reconhecidamente terroristas como estas duas consigam ter os seus sites alojados nalgum servidor sem quaisquer problemas, hein?
Partilhem por favor este e outros artigos de suma importância! Obrigado!
Luís Garcia, Minyara, Líbano, 06.09.2017