Ricardo Lopes
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Para as mulheres e para os gays, há pilas chupáveis e pilas não chupáveis. Há pilas com status e pilas borra-botas. A pila do Jorge Jesus é chupável. A pila do treinador do Vouzelenses não é chupável, a não ser que se trate de uma trintona de bigodaça de Fornelo do Monte. A pila do Passos Coelho é chupável. A pila do Jerónimo de Sousa não é chupável. A pila de um branco é chupável. A pila de um preto não é chupável, a não ser que seja um autor reconhecido de rap, hip-hop ou blues, que toda a gente sabe que é a única maneira de um preto ter status, ou se for o Obama, que é a mesma coisa mas com outra musiquinha. A pila do estrangeiro é chupável. A pila do sem-abrigo não é chupável. A pila do patrão é chupável. A pila do estafeta não é chupável. A pila do dono do Maserati é chupável. A pila do dono do carro de bois não é chupável.
Mas, no fim, tudo se revolve, porque na estrada, pelo menos na estrada portuguesa, todos têm a pila do mesmo tamanha, pequenina, muito pequenina, e por isso é que precisam de fazer roncar o motor e sacar de rateres e, principalmente, de buzinar, precisam de mostrar constantemente que têm a gaita maior que a do outro, porque nunca estão suficientemente convencidos disso. Para além disso, a pila não, mas o pepino do Zé do carro dos bois há-de ir parar à boca da Relações Públicas da 7Noites, nem que seja na salada. Aliás, à boca dela e à boca do dono da discoteca, a acompanhar o frango de churrasco, ao qual tiraram a pila, porque não era pila que se apresentasse. A chupar pila, ao menos que se chupe pila de gente.
Ricardo Lopes