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Pensamentos Nómadas

Nomadic Thoughts - Pensées Nomades - Кочевые Мысли - الأفكار البدوية - 游牧理念

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A influência do artista

18.05.16 | Luís Garcia
 

 

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RICARDO MINI copy  SOCIEDADE 

 

"O humorista é deprimido porque, tal como o escritor ou o músico, vê as coisas de uma maneira mais profunda do que a maior parte da sociedade. Os artistas são mais sensíveis e forçam-se a ver aquilo que passa despercebido aos olhos do resto das pessoas. O artista inspira-se nas pessoas e naquilo que está a sua volta, logo tem de estar mais atento. Estando atento, vê-se coisas que não se quer ver. Quando se vê o que não se quer ver, fica-se deprimido. (...) Quanto mais culto fores, mais fácil é fazer humor."

 

Pronto, vamos lá outra vez andar a justificar ter a cabeça cheia de merda porque se vê coisas feias, para poder andar a encher também a cabeça dos outros de merda. Eu já disse, e repito. Os artistas são uns imbecis. Os artistas e, tendencialmente, os filósofos. Os artistas não produzem nada de útil. Dizem que os artistas produzem algo - a arte - que pode ajudar a abrir a mente. Não, pode é ser uma influência sobre os indivíduos diferente das influências que a cultura hegemónica promove. Mas, isso não tem de ser necessariamente bom. E, normalmente, não é. A cultura hegemónica não esgota em si tudo aquilo que o ser humano pode criar de culturalmente negativo para a saúde mental de alguém. 


Os artistas são como os religiosos. Aliás, por isso é que têm de andar a criar tretas como o romantismo, como o impressionismo, como o surrealismo, como o realismo mágico. Se ser moralistas resolvesse algum problema, então já estariam todos os problemas da humanidade resolvidos. As religiões predicam comportamentos morais, e desde há pelo menos 2000 anos que se anda para aí a dizer para nos amarmos uns aos outros. E, até agora, que efeito é que isso surtiu? Nenhum. Se a humanidade progrediu foi sempre graças à ciências e à sua aplicação prática, a tecnologia. Se estivéssemos à espera que as tretas bonitas que alguns fulanos decidem inventar resolvessem problemas, então ainda agora éramos caçadores-recoletores. Aliás, para começar nem tinham sido inventadas. Porque esses senhores esquecem-se que os seus antepassados, os ociosos sedentários que tiveram tempo para se sentar a pensar durante muito tempo em coisas inventadas por eles mesmos com base no tratamento que davam aos estímulos externos que recebiam, nunca o poderiam ter feito se nunca tivessem criado a tecnologia necessária para criar as primeiras ditas civilizações e uma cambada de desgraçados andar nas plantações para encher o bucho dos gordos alapados à cadeira a inventar tretas para contaminar a cabeça dos outros. 


Depois ora dizem que a humanidade é de uma maneira - e chamam-lhe "natureza humana" -, ora dizem que deveria ser de outra, mas nunca apresentam um projeto baseado em conhecimento colhido de forma sistemática e respeitando o modelo científico para atingir esses mesmos estados humanitários que tanto predicam. Então, é o quê, falar por falar?


Hoje sei que nunca nenhum artista me ensinou o que quer que fosse. Aliás, nem é do seu interesse fazê-lo. O seu interesse é fazer os outros terem contacto com as merdas que lhes enchem a cabeça e para as quais precisam de uma via de escape. Por isso, dizem que precisam de se exprimir de uma determinada maneira, de "criar". Não, não precisam, precisam sim de condições de vida salubres para se desembaraçarem de fatores de risco para o desenvolvimento de patologias mentais. E não, não as predico de patológicas por serem fora da norma, mas sim por provocarem claros danos ao próprio e, infelizmente, aos outros. 


Se estivessem genuinamente interessados em fazer progredir a humanidade e em contribuir, dentro das suas limitações como indivíduos que são, em melhorar as condições de vida para as pessoas, os animais e o planeta, então não desperdiçariam tempo a criar tretas, mas canalizariam a sua atividade para o estudo sistemático desses mesmos problemas, para lhes encontrar as causas e desenvolver medidas para as combater e/ou reverter. Não o fazem, porque na verdade não lhes interessa. Aliás, normalmente, resolver problemas não é intuito dos artistas, porque se contribuíssem para que qualquer pessoa pudesse ter as mesmas oportunidades que eles - que normalmente tiveram muitas, aliás tantas que é por serem uns privilegiados que é por isso que desenvolvem tédio e se dedicam a criar patranhas -, então perderiam para sempre o seu estatuto. O seu estatuto dissolver-se-ia numa massa de genialidade e talento que despontariam em cada indivíduo quando colocado em circunstâncias favoráveis ao seu desenvolvimento.

 

Ricardo Lopes

 

 

 
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